Repercutiu no fim de semana o vídeo de um cidadão de Itapeva, no interior de São Paulo, que, ao entregar uma marmita a uma senhora com fome perguntou a ela em quem ela vai votar. Ao saber que os dois têm posições políticas divergentes ele retrucou que, a partir dali, a marmita estaria suspensa e ela não receberia mais.

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A cena choca pela humilhação e pela desumanidade. Além de possível crime eleitoral, associar a ajuda humanitária ao voto é de uma indignidade latente. O cidadão, que tem comida na própria mesa, se sente no direito de negar um prato a alguém que tem fome, mas que não compartilha de seu gosto político. Não por acaso, o gesto provocou uma onda de solidariedade em favor da senhora. E levou o homem a publicar um pedido de desculpas.

Dias antes, o comentarista Mauro Paulino relatou, na Globonews, que uma criança que pedia comida a participantes dos atos de Sete de Setembro teria sido enxotada porque vestia uma puída camiseta vermelha.

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Ver alguém passando fome entristece, envergonha e consterna. Não importa quem seja. Quem condiciona um prato de comida à preferência política talvez tenha esquecido que a fome não tem partido, idade ou cor. Mas tem urgência.

Uma das mais famosas parábolas bíblicas conta a história de um judeu que, deixado ente a vida e a morte na beira da estrada por ladrões, foi socorrido por um samaritano. As referências não são ao acaso. Os samaritanos não eram bem vistos pelos judeus de Jerusalém. Havia, de fato, um preconceito contra os habitantes da Samaria. Judeus e samaritanos eram vizinhos que não se misturavam.

A história, diz a Bíblia, foi a maneira que Jesus encontrou para responder a uma pergunta basilar: quem é meu próximo? O recado era simples – não havia diferença. Justamente aqui, num país em que a religião vive misturada à política, parece que a lição anda esquecida.

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