O 8 de janeiro de 2023 ficará para a história como o “dia da infâmia”, a data em que os prédios dos três poderes foram invadidos e vandalizados por terroristas que não aceitam o resultado das eleições e pregam golpe de Estado. A tentativa de golpe fracassou, mas os falsos patriotas destruíram o patrimônio brasileiro. O saldo incluiu janelas quebradas, equipamentos eletrônicos inutilizados, obras de arte vilipendiadas. Um valioso quadro de Di Cavalcanti foi alvo de seis perfurações.

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É o retrato de um país que hoje tem um autodeclarado inimigo interno. Um grupo que atua contra o próprio país e ameaça as instituições da República.

Os atos deste domingo não surpreendem, uma vez que seguem à risca a cartilha da invasão ao Capitólio, nos Estados Unidos, dois anos atrás. A extrema-direita radical brasileira segue as lições de Steve Bannon, que deixaram uma rachadura profunda mesmo na sólida democracia norte-americana. Este é o nosso sinal de alerta.

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Por aqui, há meses golpistas se reúnem em frente a quartéis em todo o país. Eram vistos como inofensivos. O próprio ministro da Defesa de Lula, José Mucio Monteiro, avaliou que, apesar das pautas antidemocráticas, não representavam risco. Um erro crasso.

O governo do Distrito Federal, a quem cabia o reforço policial para conter o avanço dos golpistas, colocou a tarefa sob responsabilidade de um ex-ministro bolsonarista e preparou policiamento insuficiente para proteger os prédios dos três poderes. Deu no que deu.

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Mas não se pode esquecer que os golpistas são inspirados por quem, mesmo tendo saído do país pela porta dos fundos, estimulou ao longo de quatro anos de governo o esgarçamento da democracia brasileira. O cenário que o Brasil vive neste domingo, com o quebra-quebra do patrimônio público, é o ato mais agudo de uma crise criada por Jair Bolsonaro e alimentada pela negligência da Procuradoria Geral da República e do Congresso Nacional, que permitiram que o ovo da serpente do golpismo fosse chocado à luz do dia.

A democracia brasileira vive um novo solavanco. Sobreviveu às eleições e, neste domingo, venceu uma nova tentativa de golpe. Mas as instituições precisam agir com pulso firme e punir os responsáveis, para que a ruptura democrática não se torne uma ameaça permanente.

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