Deputada estadual mais votada em Santa Catarina em 2022, com 196.571 votos – 100 mil a mais que a segunda colocada, Luciane Carminatti (PT) – Ana Caroline Campagnolo (PL) é um fenômeno da extrema direita. Caiu de paraquedas na política em 2018, na onda Bolsonaro, e se transformou em uma das grandes influenciadoras bolsonaristas no país, capaz de mobilizar uma votação recorde.
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A deputada, duas vezes eleita pelo voto popular, se tornou conhecida por declarar-se “antifeminista”. O movimento sufragista, que deu às mulheres o direito ao voto – e, em última análise, abriu espaço para a presença de Campagnolo na Alesc – é considerado o primeiro movimento feminista da história. Eis a contradição da deputada mais votada de SC.
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Campagnolo escreve livros sobre “antifeminismo”, promove palestras e cursos pagos online. Em sua atuação parlamentar, já propôs, por exemplo, a criação da “Procuradoria do Homem” para contrapor a criação da Procuradoria da Mulher no Legislativo catarinense. O objetivo do projeto era “fomentar a participação dos homens na política”, onde eles são historicamente a maioria. E não, não é uma piada.
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Professora de história, a deputada de SC lançou um “canal de denúncias” contra professores que criticassem Bolsonaro. A “caça aos professores” acabou sendo proibida pelo STF.
Nas redes sociais, Campagnolo tem a impressionante marca de mais de 1,2 milhão de seguidores. Sua campanha avalia, no entanto, que o sucesso eleitoral da deputada não está no universo online, mas nas centenas de palestras que ela ministrou ao longo dos quatro anos de mandato na Alesc.
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São pelo menos duas palestras por semanas, sempre com temas ideológicos, como “antifeminismo”, gênero, “escola sem partido” e política. Em geral, ela é convidada a falar por igrejas e comunidades. Mas também é comum que seja chamada em escolas para falar a adolescentes. Recentemente, palestrou sobre “diferença entre direita e esquerda” a estudantes de uma escola estadual de Itajaí.
A votação expressiva de Ana Campagnolo mostra que a mensagem da deputada tem reverberado e atingido uma parcela da população catarinense que demanda representação ideológica e se identifica com as pautas defendidas por ela. Com respaldo na ampla votação, ela retornará com mais força à Alesc e tende a comandar a bancada do partido – como já fez na atual legislatura.
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Significa uma força a menos para a Bancada Feminina, que sai destas eleições ainda mais enxuta. Campagnolo não integra, por escolha, o grupo de parlamentares mulheres da Alesc, que a partir do ano que vem cairá de cinco para três deputadas. Sem poder contar com a recordista de votos, serão apenas duas parlamentares na bancada mais importante para a discussão de políticas voltadas às mulheres no Legislativo de SC.