A Copa começará quinta- feira. Para a Seleção Brasileira, a estreia é dia 17, contra a Suíça. Então, senhoras e senhores, bem- vindos à Pachecolândia. 

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É hora de jogar o senso crítico na lata do lixo. É hora de esquecer as mazelas do país da Lava- Jato. É hora de colocar a pátria no bico da chuteira e sacanear argentino, como prega a maioria das propagandas de TV. É hora de fazer discurso ufanista sem muito sentido. 

O melhor de tudo: é hora de reunir a família, os amigos e dar boas risadas durante os jogos. As reações são heterogêneas: o pai, saudosista, resmunga e critica tudo. O amigo, tímido, revela sua paixão pelo Casemiro. A prima, despudorada, bebe todas e xinga Deus e o mundo. É diversão em estado bruto. 

Já falei, adoro futebol e Copas. Elas me trazem tantas boas lembranças. 
Nunca fui muito torcedor. Gosto do evento, da farra, da união das torcidas, do show de imagens. E também de algumas partidas que considero inesquecíveis, como a decisão da Copa de 74, entre Alemanha e Holanda; a derrota do Brasil para a Itália, em 82; e a vitória do Brasil sobre a Holanda, nos pênaltis, em 98. 

Neste ano me sinto distante. Sei lá, mil coisas…  É uma seleção estranha, e sem carisma, a que vai à Rússia. Tem um craque, Neymar (dentro de campo, um monstro; fora dele, um homem mimado e maleducado). 
O outro principal astro da equipe é o técnico Tite (entende muito de futebol, mas o discurso messiânico e positivista beira o insuportável). 
Talvez isso explique alguma coisa. 

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Mas Copa é Copa (nesta Superedição você recebe a tabela completa do Mundial). Mesmo desapegado, fiz o meu bolão. Deu França campeã, Espanha em segundo lugar, Brasil em terceiro e Alemanha na quarta colocação. Como, historicamente, sempre errei meus pitacos, temos poderosas chances de conquistar o hexa. Então, chega de mi- mi- mi, de nhem- nhem- nhém, de lerolero, somos todos Pachecos. Vai, Brasil! 

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Sobre a maldade perpetuada pelos seres humanos, lembro sempre que, de perto, ninguém é normal, como diria Caetano Veloso. Aí um analista amigo diz que desse jeito não vou ser feliz direito e vai além: “ Nós somos muitos em um. Somos bons, somos maus, somos bonitos, somos feios, somos gentis, somos arrogantes, somos altruístas, somos egoístas”. 
Sem mais delongas. 

 

Kazuo Ishiguro, escritor nipo- britânico, foi o vencedor do Nobel de Literatura de 2017. É dele a pérola a seguir: “ Reviravoltas importantes muitas vezes são momentos pequenos, desajeitados. São centelhas silenciosas de revelação. Quando surgem, é importante estar apto a reconhecê- las pelo que são. Ou escorregarão das suas mãos”.