Dia desses, deparei-me com a notícia de que a comunidade brasileira em Portugal havia chegado à marca de 130 mil imigrantes. Foram 17 mil pedidos de residência concedidos este ano. Um dado expressivo: em 2017 nossa colônia no Além-Mar era de 87 mil conterrâneos. Então disse a mim mesmo: “Dezessete mil pessoas lotariam a Ressacada. É gente à beça, desacreditada no que o Brasil tem a oferecer.”

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Logo depois de virar a página do jornal, sem deixar que o café esfriasse, fui tomado pela angústia que geralmente precede a depressão. Porque veio à mente a constatação: neste processo que hoje afeta o cotidiano dos portugueses, há algo maior do que o desejo de vitória pessoal que move os homens na direção de países economicamente mais desenvolvidos. O êxodo não é por uma vida melhor. A fuga é pela sobrevivência.

Longe de querer bancar o sociólogo pinguço de balcão de botequim. Mas é cada vez maior o grupo de amigos perguntando sobre viver em Florianópolis. Gente sem esperança com o Rio de Janeiro. Antes de bem com a vida e humor inabalável, são cariocas hoje desanimados e desesperados com a crescente violência, a falta de educação, o caos no trânsito, a precária mobilidade urbana, a ausência do poder público, as balas perdidas, a sensação completa de abandono e esquecimento.

Amigos exaustos que não podem fugir para Lisboa, Porto ou Cascais. E veem SC como alternativa ao caos social e urbano. Opção para uma saudável sobrevivência.

Por esses dias, um deles citou o caso de um conhecido que, em janeiro, trouxe mulher e dois filhos para Joinville. E revelou a mensagem do refugiado carioca. “Com filhos de 12 e 6 anos, não dava pra seguir esperando algo do Rio”, dizia o texto desamparado.

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Ainda não sei como é plenamente a vida em todas as cidades do Estado. Como pato recém-chegado a Florianópolis, costumo dizer que é uma bela cidade. Cosmopolita e paradoxalmente provinciana, com praias, morros e gente bonita e generosa, a ilha é acolhedora.

Embora tenha também problemas na mobilidade (que piora dia a dia), na saúde, na segurança, no meio ambiente, passa a sensação de ser uma capital bem resolvida. Por isso é um belo refúgio para a migração interna. (Sem falar dos venezuelanos que estão desembarcando por aqui.)

Isso é bom para a autoestima. Mas exige dos governantes total estado de alerta. É preciso estar atento, forte e muito bem preparado para receber aqueles que escolherão Santa Catarina como o porto seguro.

Os brasileiros e gente de todo o mundo serão eternamente gratos.

Mau gosto

A brincadeira de mau gosto à qual foi submetido o goleiro Sidão faz lembrar e refletir sobre um provérbio africano: “O riso não afeta uma pedra, mas pode destruir uma pessoa”. É necessário inteligência, habilidade e humor para lidar com a interatividade das redes sociais.

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Educação 

Para o presidente do Brasil, os estudantes que foram às ruas protestar (pacificamente) contra os cortes de verbas para a educação são idiotas úteis, imbecis que sequer sabem a fórmula da água. Então, seguem dois recados:

Do filósofo alemão Kant: “É no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da Humanidade”.

E do filósofo grego Sócrates: “Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância”.

A vida com vida 

Em tempos estranhos, de obscurantismo, medos e preconceitos, a campanha “A vida com vida”, da NSC Comunicação, traz o frescor da esperança. É um convite à solidariedade, ao humanismo e à vida.