Como era bonito ver aquele jovem barbudo, em cima de um carro velho, falando aos operários. Eram os anos 80 do século passado, a ditadura brasileira estava no ocaso, a nossa democracia estava no nascedouro… Vieram as eleições diretas, as derrotas para Collor, FH… Vieram as vitórias, os dois mandatos, havia esperança, o país (de alguma forma) se desenvolvia… Vieram o desânimo, o desencanto, os escândalos… Vieram o Mensalão, a Lava-Jato, o tríplex, os recursos, as condenações…

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Chegou a hora da prisão. Com passos de formiga e (um pouco) sem vontade, o Brasil se transforma e a sociedade avança. Para onde, não se sabe ainda. Mas avança… Estamos a seis meses das eleições majoritárias – e elas prometem trazer bastante polêmica. Vivemos, realmente, tempos de ira, em que quase nunca se consegue conversar com educação, clareza, com respeito à opinião alheia, ao contraditório. Tempos das notícias falsas, de ânimos exaltados, de ameaças.

O momento exige que usemos muito bem nosso espírito democrático e o poder, intransferível e inegociável, de votar. Fundamental pensador do Império Romano, Sêneca escreveu: “Nenhum vento é a favor do marinheiro que não sabe para onde quer ir”. Todos temos falado, quase diariamente, sobre o terreno livre para o ódio em que se transformou o mundo das redes sociais. Mas outro fator tem chamado cada vez mais a atenção: o desejo irrefreável dos seres humanos de tornar este mesmo mundo um lugar de luz, cor, magia, glamour e fantasia. Tudo é bonito, charmoso.

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