Poucos dias me fizeram ter sentimentos tão diferentes quanto esta quarta-feira, Primeiro de Maio. Fui do céu ao fel, do paraíso ao inferno em poucas horas. Hoje, recuperado, acho que consigo me explicar.

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Depois de degustar um delicioso bacalhau no almoço, me preparei para assistir a Barcelona x Liverpool, pela Liga dos Campeões da Europa. Era o feriado dos deuses. Messi, Suárez, Salah, Van Dijk e tantos outros craques no estádio lotado do clube catalão. 

E que jogo foi aquele? Era impossível despregar os olhos. Levantar para ir ao banheiro ou tomar um copo d'água, nem pensar. A namorada foi terminantemente proibida de telefonar por duas horas, sob o risco de ver tudo acabado entre nós. 

A emocionante partida terminou 3 a 0 para o Barça. Podia ter acabado 3 a 3, 4 a 4, 5 a 5. Que jogo foi aquele?, fiquei a me perguntar depois, na caminhada de fim de tarde. Que esporte era aquele?, fiquei a me indagar. Me sentia em êxtase. Mas depois cometi o pecado capital. 

Um leve jantar, uma taça de vinho branco, o Jornal Nacional, um café e os jogos do Campeonato Brasileiro. E percebi que, minuto a minuto, meu comportamento ia mudando. 
Os campos esburacados, os passes errados, as bolas cruzadas, os bicos para o alto, as reclamações com os árbitros, os chutes bizarros, as faltas banais, tudo alimentava a raiva em meu eu interior.

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Insisti, fui até o fim da rodada de quarta-feira. Como alguém que fez algo errado e merece punição. Como quem se odeia mortalmente. Fui até o fim.

Atordoado, irado, cansado, me perguntava ao deitar: que esporte é esse que andam praticando no país pentacampeão mundial?

Se alguém tiver a resposta, me ajude, por favor.