No fim do ano passado, o mundo civilizado perdeu Amós Oz. Em seu livro de ensaios "Como curar um fanático", Oz escreveu: "A síndrome do século 21 é o choque entre fanáticos de todas as cores e o resto de nós".

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O escritor israelense era uma rara voz equilibrada a refletir e debater sobre o conflito Israel-Palestina. Com honestidade, sem maniqueísmos.

No último fim de semana, assisti a um desenho que disputou o Oscar de Animação de 2018: "A ganha-pão" está num canal de streaming. Através do olhar da menina Parvana, revela o que o talibã fez com o Afeganistão.

Entre tanta estupidez, o regime fundamentalista islâmico acabou com a educação, os sonhos e a rica cultura daquele país.

Vivemos tempos estranhos. Há fanáticos e convertidos por todos os cantos. Tempos em que é praticamente impossível discutir qualquer tema. Futebol, religião, política, literatura, cinema, gastronomia, mobilidade urbana, questões de gênero, música, turismo, culturas.

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Vivemos tempos em que gritos e xingamentos valem mais do que ouvir e argumentar com educação e gentileza.

Não é novidade, as redes sociais são terreno livre para a ignorância e a cólera. Não quer participar disso? Segue aí uma dica bastante simples: fuja delas. Aposto que sua vida praticamente se tornará um paraíso.

Nunca gostei de fanatismo. O culto a um time de futebol, a uma religião, a um cantor sertanejo ou metaleiro, a uma ideologia…

A adoração desmedida, seja ao que for, causa cegueira. E cegueira leva, irremediavelmente, à loucura e à insensatez. Nos cerra os olhos para a diversidade, para a pluralidade, para a infinita beleza do diferente.

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No fim da encantadora animação "A ganha-pão", a menina Parvana diz: "Em vez de elevar a voz, eleve as palavras. É a chuva que faz as plantas florescerem, não o trovão".

Frases simples que não saem de minha mente e de meu coração.

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Precisa a avaliação da ensaísta americana Camille Paglia: "É um absurdo a esquerda não fazer autocrítica e admitir que perdeu o apoio das pessoas. Progressistas precisam se dar conta da arrogância e da estupidez de seu mundo tão isolado da vida real dos eleitores verdadeiros, que estão profundamente ressentidos de serem vistos de forma condescendente".

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Sobre o astrólogo com pose de intelectual que vem a ser o ideólogo do presidente Jair Bolsonaro: nego-me a gastar energia com um sujeito que solta, no mínimo, um palavrão a cada frase.

Fanatismo, idiotia e má-educação não estão com nada.

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A arma do bom jornalismo é a honestidade, é ser ético e plural, é saber contar bem uma história com os 518 lados envolvidos, é ter criatividade e responsabilidade, é nunca desistir do humanismo e da Humanidade.

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A sublime primeira página da edição de quinta-feira (9), do Diário Catarinense, é a prova de tudo isso.

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"Cartas para Darwin" é um projeto especial da NSC Comunicação que mostra como nosso Fritz Müller colocou Santa Catarina no palco da Teoria da Evolução. Fica o convite para você ler a grande reportagem desta superedição e ver o especial que vai ao ar na tela da NSC TV às 6h40 da manhã deste domingo (12).