Viajar revela e permite prazeres para todos os gostos. Visitar lugares badalados, conhecer a gastronomia, entrar em museus e templos religiosos, perambular pelas ruas sem dó dos pés, passar as noites em bares e boates, consumir sem necessidade, experimentar a onda dos cafés… Cada um é cada um. É proibido proibir. Uma de minhas alegrias é passar horas em livrarias. Nelas a vida pulsa, dentro e fora das páginas dos livros.
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Que delícia se perder na apertada Shakespeare & Co., em Paris. Um sebo metido a besta, com livros desarrumados, paredes maltratadas. Lá estudantes de todo o mundo trabalham de graça para ganhar, em troca, um lugar onde dormir. E dormem, esparramados, nas poltronas velhas da própria livraria.
Que maravilha conversar com Miguel, dono da Eterna Cadencia, em Buenos Aires. Miguel é apaixonado por livros e futebol. Ama Maradona. Odeia Messi. Miguel é o típico argentino, passional. Enquanto sugere boas leituras, critica o craque do Barcelona. “Ele não tem sangue argentino, é espanhol”, esbraveja Miguel. O tempo passa e não se sente. Com sorte, pode-se ainda trocar três minutos de prosa com o ator Ricardo Darín.
Que primor era esbarrar com o astro da música pop David Bowie e sua linda mulher, Iman, na novaiorquina McNally Jackson. Lembro até hoje da primeira vez em que encontrei o casal, na seção de literatura britânica, e o misto de susto e encantamento que vivi. De repente, ao lado do homem que caiu na Terra, inesquecível.
Tem a South Kensington Books, em Londres. A Zaccara, numa charmosa casa paulistana. A Timbre, escondidinha num shopping da Zona Sul carioca. Tem a Ler Devagar, no modernoso LX Factory, em Lisboa. E tantas outras que ainda espero visitar mundo afora.
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Em tempos de pouca leitura, embrutecimento e emburrecimento da sociedade, pobres das cidades que não têm uma boa casa do ramo. É como escreveu o argentino Jorge Luis Borges: “Imagino que o paraíso seja uma espécie de livraria”.
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Por falar em livrarias, um brilhante jornalista de minha geração enveredou pela ficção, e lança livro novo. Em “Cinza, carvão, fumaça e quatro pedras de gelo”, Luis Erlanger mostra a luta para se chegar à felicidade individual e social neste mundo maluco em que vivemos. Vale a leitura.
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O Avaí voltou à Série A. Ou seja, vamos ter a visita do Glorioso à Ressacada em 2019. O Glorioso é aquele time que tem, entre os campeões do mundo, Nilton Santos, Zagallo, Garrincha, Didi, Amarildo, Jairzinho, PC Caju e Roberto Miranda. Só isso… E neste fim de semana é hora de torcer pela Chape.
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– A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos não é o que vemos, senão o que somos. – Do obrigatório e eterno poeta português Fernando Pessoa.
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