Por Domingos Aquino – Gerente regional de jornalismo em Blumenau e Joinville

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De um lado, gente com nenhuma esperança, poucos recursos, muito sofrimento e uma comovente luta pela vida.

Do outro, gente sensível, solidária, inconformada, visionária e com enorme capacidade de mobilização. Gente como os doutores Xuxo, de Joinville, e Benvenutti, de Blumenau.

Tomo a liberdade de citar estes dois médicos muito queridos nas comunidades em que atuam e com trabalhos reconhecidos em todo o Estado para homenagear o batalhão de profissionais da saúde que ajudam Santa Catarina a ser referência nacional em doação e transplante de órgãos.

Na Joinville dos anos 70, Xuxo mobilizou colegas para viagens de ônibus até São Paulo, uma vez por semana, para estudarem sobre transplantes no Hospital de Clínicas e bibliotecas da maior cidade do Brasil. Ainda naquela década, em 1978, comandou a equipe que fez o primeiro transplante de rim da história de Santa Catarina e o primeiro em todo o Brasil fora de um hospital universitário. E quase dez anos depois liderou a criação da Fundação Pró-rim, que hoje soma quase 1.700 transplantes.

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Na Blumenau do final dos anos 80, Benvenutti agregou conhecimentos sobre transplantes que adquiriu em hospitais de Curitiba ao sonho de pioneiros como Sylvio Schmitz, Humberto Narciso, Orlando Praun Jr. e José Carlos Arenhardt. Benvenutti tinha participação ativa em comissões internas de doações que captavam órgãos dentro dos próprios hospitais e encaminhavam o transporte para transplantes. Este era o caminho possível antes da criação da SC Transplantes e da normatização das doações, que representam um enorme passo à frente no processo. Em 2003, foi um dos protagonistas do surgimento da Associação Renal Vida, que reuniu várias clínicas em nome da filantropia.

Mas o trabalho desta frente solidária não é nada sem a sua participação, prezado leitor. É você que pode fazer toda a diferença ao refletir na sua casa, na sua família e na comunidade onde vive sobre a importância da doação de órgãos quando a vida termina. A corrente da vida precisa continuar lá onde este texto começou: nos pacientes que precisam de esperança e recursos para continuar sua comovente luta pela vida.

A vida com vida!

Nada é por acaso

Reveladora a reportagem do colega Cristian Weiss, publicada quarta-feira, sobre o número de automóveis em Santa Catarina: quase 3,5 milhões de automóveis e mais de 1 milhão de motos. Quase 75% dos domicílios do Estado têm pelo menos um automóvel. É a maior proporção do Brasil, bem à frente do segundo colocado neste ranking, o Paraná, com 68%. A mobilidade precisa virar prioridade nos debates e decisões de governo antes que ruas e estradas, hoje entupidas de veículos, parem completamente.

A dor de todos nós

Comovente a reportagem da colega Ângela Bastos, publicada sexta-feira, sobre a família catarinense encontrada morta dentro de apartamento na capital do Chile. Gente simples e trabalhadora, como todos nós. Gente com sonhos, como todos nós. A viagem a Santiago era um destes sonhos, realizado com muito trabalho. Era para ser uma comemoração, com muita história boa para ser contada na volta. Virou uma tragédia que deixa uma dor devastadora em parentes, em amigos, em todos nós.

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