Nos anos 90, três amigos saíam para conversar, beber, paquerar pelos bairros do Rio de Janeiro. Franja, Japa e Bonitão. O Franja era careca. O Japa tinha cara de japonês, obviamente. E o Bonitão, a modéstia me impede de dizer quem era.
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Falávamos de futebol, cinema, política, livros, infância, sonhos, viagens, ex-namoradas, de paixões, de namoradas que ainda não sabiam que eram nossas namoradas. Falávamos de filhos, da vida que queríamos viver. Falávamos de nossa profissão, o jornalismo.
E ríamos de tudo. Invariavelmente acabávamos as noites, bêbados, lutando caratê numa praça ordinária da cidade. Três marmanjos com espírito de moleque.
A vida, como quase sempre acontece, nos separou. Fomos cada um para um lado. Rumos diferentes, mas sempre ligados por uma profunda amizade.
Esta semana fui ao Rio me despedir do Franja. Ramiro Alves, um grande amigo, foi embora. Torcedor do Flamengo, pé-de-valsa, jornalista dos bons, sujeito de sorriso largo, o Franja nos deixou aqui com enorme vazio no peito, com uma dor que corta, a ferida que não cicatriza. Nos deixou aqui conscientes de nossas fragilidades, de nossa triste finitude, com a certeza de que devemos viver próximos de quem nos ama, abertos às novidades e transformações do mundo, com respeito às diferenças, com respeito ao próximo, com a curiosidade sempre aguçada.
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Com o Franja aprendi sobre generosidade e gentileza. Foi ele quem me abriu sua casa e seu coração para me receber num momento tão difícil.
Do meu amigo Ramiro sempre carregarei gratidão e saudade.
Generosidade, gratidão, amizade, saudade, amor. Sem isso, não faz sentido viver a vida que queremos viver.
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Sobre o casamento real de sábado passado, a noiva estava gata, o noivo estava fofo. Mas quem brilhou foi o pastor afro-americano Michael Cury. Ele disse: “Imagine nossos bairros e comunidades quando o amor é o caminho. Imagine nossos governos e nossos países quando o amor é o caminho. Imagine o mundo quando o amor é o caminho. Nenhuma criança iria para a cama com fome num mundo como esse. A pobreza seria história num mundo como esse. Haveria um novo céu, uma nova terra, um novo mundo”.
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Greve com apoio de patrões não é greve nem aqui nem na China, é locaute. Apesar de tudo, ainda estamos longe de virar Venezuela.
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