Feiras de livros devem ser um ambiente rico. Percorrer seus labirintos e as bancas das editoras, escolher e pechinchar preços, entrar nas filas de autógrafos, fazer selfies com os ídolos. Diversão e arte.

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Feiras de livros devem ser um ambiente dominado pela pluralidade, pelo pensamento livre e crítico, pela valorização dos contraditórios e das ideias. Assim deve ser em qualquer parte do mundo, um ambiente pleno de experiências, respeito e tolerância. Templos do saber.


A Feira do Livro de Jaraguá do Sul, porém, quer ser diferente. Ao sucumbir a ameaças de idiotas nas redes sociais e desconvidar a jornalista Miriam Leitão e o sociólogo Sérgio Abranches, seus organizadores fizeram a opção por um sombrio caminho.

A desculpa dada pelo coordenador da Feira é esfarrapada. Para proteger seus participantes cortou o casal de escritores, ele justificou. 
Poderia ter, com um pingo de coragem, mantido os convidados e pedido reforço policial para o evento. É assim que acontece em muitos países, quando autores são ameaçados até por terroristas.

Sobre Miriam, os petistas a odiavam, diziam que ela era uma conservadora radical. Hoje os bolsonaristas a odeiam, dizem que ela é uma comunista roxa. Seria engraçado se não fosse patético.

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Mais do que qualquer coisa, Miriam é uma jornalista brilhante e uma escritora vitoriosa. Miriam é cheia de boas histórias para compartilhar com adultos e crianças (ela tem também no currículo premiados livros infantis). 

Em Jaraguá do Sul, Miriam e Sérgio falariam sobre leitura afetiva, sobre os livros que foram referência para eles e que não saem da cabeceira. Mas foram cortados, deselegante e covardemente. 

Queiram ou não, o que aconteceu tem nome e sobrenome. Chama-se censura à liberdade de expressão e ao direito ao conhecimento.