Sábado, 27 de abril de 2019. O rico Paris Saint-Germain perde a Copa da França de futebol para o pobre Rennes. Coisa do esporte. No caminho para receber as medalhas, atletas do time parisiense são provocados por um torcedor fanfarrão. Coisa do esporte. Neymar não resiste, perde o controle e ataca o sujeito com um soco. Como diria Everaldo Marques, amigo da ESPN, “para a surpresa de zero pessoas”.

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Do sofá de casa, vendo e revendo a agressão, me pergunto: que sujeito deplorável está se tornando aquele que poderia ser o grande astro do esporte brasileiro, aquele que poderia ser exemplo de caráter e hombridade para meninos e meninas de nosso país?

De alguma forma, Neymar me faz lembrar Ayrton Senna. O piloto tricampeão mundial era idolatrado por crianças, jovens, idosos. Senna fazia parte de nossos anseios coletivos, de nossos domingos, de nossas vidas. Era o Brasil vencedor, o Brasil do bem, o Brasil que dava certo.

Senna brigava por seus direitos no reino selvagem do automobilismo. Mas era cativante. Morreu cedo demais, há pouco mais de 25 anos, e até hoje nos sentimos órfãos (em meu caso, confesso, parei de ver corridas de Fórmula-1 desde aquele trágico domingo, 1º de maio de 1994).

Outro bom exemplo de educação, simpatia, empatia e idolatria está mais perto da gente. Guga nos fez aprender a amá-lo e a amar o tênis. Onde vai, no Brasil ou no exterior, ele seduz até hoje com o jeito de menino e o sorrisão sempre aberto.

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Assim como sabia Senna, Guga e muitos outros conhecem o peso que têm na educação e na formação das crianças. Claramente não é o caso de Neymar.

Rico, Neymar é craque indiscutível dentro de campo. Fora, se transforma cada vez mais num sujeito sem limites, sem educação, de comportamento controverso. Mimado por uma entourage de bajuladores e puxa-sacos, se acha acima do bem e do mal.

Que desperdício de possibilidades. Neymar é o retrato do Brasil que despreza o poder da educação.

Boa dica

Do psiquiatra espanhol Luis Rojas Marcos: “Falo muito comigo mesmo, às vezes em voz alta, às vezes em voz baixa, mas isso ajuda a me encorajar, a me estabelecer limites”.

Isso bem poderia ser uma boa dica para Neymar.

Nova era

Sobre os novos tempos, duas reflexões:

A primeira, do escritor Luis Fernando Veríssimo: “Minha relação com as redes sociais mistura admiração pela técnica alcançada e medo do que elas estão contribuindo para a imbecilização do mundo”.

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A segunda, do cantor e compositor Rodrigo Amarante: “Tem que pensar que toda criança é seu filho; todo velho é seu pai; todo homem ou mulher é seu irmão ou irmã. Mesmo que a pessoa tenha ideias absolutamente imbecis, nefastas e cretinas”.

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