Ainda moleque, quando adultos desinteressantes e insuportáveis perguntavam o que gostaria de fazer no futuro, costumava responder: ou serei jornaleiro ou jornalista. Nada me dava mais prazer do que estar dentro de uma banca de jornais. (Sim, naqueles tempos as bancas vendiam jornais, gibis e revistas. Hoje vendem cigarros, bonés, sandálias, camisetas, camisinhas, panelas, celulares. Vendem de tudo, menos jornais, gibis e revistas). Na adolescência decidi pelo Jornalismo. Hoje, pouca coisa me dá tanto prazer do que passar horas e horas e horas dentro de uma livraria. Marguerite Yourcenar disse: “Minha pátria são os livros”. Parafraseando a escritora belga, diria que minha pátria são as livrarias espalhadas por todo o mundo.

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Na Eterna Cadencia, em Buenos Aires, encontro os livros, o vinho e o livreiro Miguel, um apaixonado pela literatura e por Diego Maradona. (Agora, por razões óbvias, ele também ama Lionel Messi). Na Livraria da Tarde, em São Paulo, tenho a companhia da Zil, que sempre me enche de sugestões maravilhosas (cuidadosa, ela acerta todas). Em Florianópolis, o sempre alerta Lauro me conta sobre os lançamentos que chegam à Livros & Livros (que fica dentro da Universidade Federal de Santa Catarina). Três exemplos que são parte deste meu vasto país espalhado pelas cidades pelas quais passo.

Nelas faço amigos e tenho inesquecíveis surpresas, como encontrar, num dia de inverno, o mítico David Bowie na novaiorquina McNally & Jackson.

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Delas saio sempre carregado de livros – companheiros de toda a vida. E aqui trago trecho de recente crônica de Dorrit Harazim, uma das principais jornalistas brasileiras: “Aprendemos com os grandes pensadores que livros não são objetos mortos. Contêm uma potência de vida tão vibrante quanto a alma que os criou. Por isso existe uma simbologia tão gritante na sanha milenar de autoritários (seculares ou religiosos) em queimar livros: a ilusão vã de destruir ideias”.

Tenho as livrarias. Tenho os livreiros. Tenho os livros. Com eles percebo que minha alma, meu coração e minha mente estarão sempre abertos e atentos. Com eles renovo percepções, buscas, descobertas, estranhamentos. Com eles meu mundo não tem limites. Com eles nunca estarei próximo da solidão.

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Ler é uma completa forma de felicidade, escreveu o genial argentino Jorge Luis Borges. Os livros nos modificam, afirma a polonesa Olga Tokarczuk. Tenho as livrarias. Tenho os livreiros. Tenho os livros. Com eles a minha vida jamais será pequena e triste.

Pra refletir:

“Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria.”

Jorge Luis Borges

“O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes”.

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Cora Coralina

“Os livros têm os mesmos inimigos que o homem: o fogo, a umidade, os bichos, o tempo e o próprio conteúdo.”

Paul Valéry

“Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem.”

Mário Quintana

“A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas, por incrível que pareça, a quase totalidade não sente esta sede.”

Carlos Drummond de Andrade

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