o gosto de política. Amo eleição. Votei e trabalhei pela primeira vez, numa cobertura jornalística, nas eleições gerais de 1982, marcadas pelo “voto vinculado”: o eleitor tinha que escolher candidatos do mesmo partido para todos os cargos em disputa, sob pena de anular o voto. Uma aberração. Era o ocaso da ditadura militar. Em 15 de março de 1983 tomavam posse os primeiros governadores, senadores deputados federais e estaduais eleitos pelo voto direto desde o golpe de 1964.

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O ano de 1982 abriu o caminho para a redemocratização. Depois de 18 anos comandado por militares, o país experimentava o perfume da liberdade. Jovem, recém-formado, pude acompanhar de perto o nascimento de nossa jovem e frágil democracia – hoje flagrante e abertamente ameaçada por forças estranhas.

Neste sábado, 2 de outubro, estaremos exatamente a um ano das eleições. Aqui na NSC começamos a nossa grande cobertura e relançamos, em todas as nossas plataformas, a campanha “SC Ainda Melhor”, que tem como objetivo o fortalecimento de Santa Catarina. Ouviremos todos os setores da sociedade, com ampla diversidade, em busca dos cinco principais desafios do Estado, depois de tudo o que vivemos e sofremos com a pandemia da Covid-19. (Em 2018, os temas eleitos foram a gestão da dívida do Estado, a segurança pública, a valorização da educação, investimento em tecnologia e inteligência e a eficiência na gestão e visão de estadista). 

A próxima eleição promete ser a mais acirrada e inflamada desde 1982. Os tempos são de polarização, com pouco espaço e tempo para a construção da chamada terceira via. Tenta-se desqualificar as instituições, ataca-se a reputação da urna eletrônica. Faz-se campanha de ódio e desinformação, notícias falsas são incansavelmente disseminadas, mente-se descaradamente por todos e para todos os lados. O fanatismo e a cegueira estão no ar.

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A inflação sobe. O desemprego, a fome e a desesperança, também. A cada esquina e marquise, pessoas pedem ajuda e dormem ao relento. Mas 2022 será ano de eleição. As irresponsáveis, inatingíveis e desconectadas da realidade promessas de campanha estarão de volta. Os ataques pessoais, difamatórios e injustificáveis, que somente revelam a pobreza de ideias e de projetos do mundo político, sairão dos esgotos. Caberão ao jornalismo profissional, independente e ético – este jornalismo que faz serviço essencial e não bajulação e servilismo – o discernimento e a gigantesca responsabilidade de informar com seriedade e qualidade, para ajudar o eleitor a não desperdiçar energia e votar com consciência.

DICA

“Amor no Espectro”, disponível na Netflix, é uma das coisas mais bonitas para se ver hoje. A série australiana, em segunda temporada, mostra jovens autistas dando os primeiros passos no imprevisível mundo dos relacionamentos amorosos.

Pra refletir:

“A liberdade de eleições permite que você escolha o molho com o qual será devorado”.

Eduardo Galeano, escritor uruguaio

“A diferença entre um estadista e um demagogo é que este decide pensando nas próximas eleições, enquanto aquele decide pensando nas próximas gerações”.

Winston Churchill, ex-primeiro-ministro britânico

“Uma eleição é feita para corrigir o erro da eleição anterior, mesmo que o agrave”.

Carlos Drummond de Andrade, escritor

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