O inferno astral do Facebook parece não ter fim. Entre tantos outros graves problemas, a rede ajudou a levar Donald Trump à Casa Branca, em 2016. Somente este ano foi provado que a consultoria Cambridge Analytica se apropriou indevidamente de dados pessoais de 50 milhões de usuários em benefício da campanha do bilionário americano.

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Mais recentemente, foi confirmado que 30 milhões de usuários tiveram dados roubados por hackers. Nomes, telefones, correios eletrônicos, gênero, idiomas, status de relacionamento, religião, cidade natal, data de nascimento, dispositivos usados para acessar a rede, grau de educação, emprego e os últimos 10 locais onde as vítimas estiveram ou foram marcadas. Ouro em pó tirado do Facebook.

Até gosto do Face, tem seu valor. Nele pude reencontrar queridos amigos e mantenho contato com pessoas que provocam boas lembranças e risadas. Graças a ele quase sempre escapo da gafe de esquecer aniversários de gente que quero muito bem. Este é o Face do bem. Também temos o Face do mal. Nele me surpreendo com aberrações ali despejadas e com o livre terreno para o ódio em que se transformou. Aqui a rede de Mark Zuckerberg é completamente desnecessária e despropositada.

Mas tem um dia em que o Facebook nos pega pelo pé e sacode nosso esqueleto. Todos passaremos por isso. Minha vez chegou na semana passada, quando fui convidado, via rede, para ser modelo de ensaios fotográficos, propagandas de TV e afins. O convite da agência dizia: “Estamos com demandas imensas de trabalho para modelos comerciais e seu perfil se encaixa. Modelos publicitários não têm exigência de altura, peso e idade.”

Com o ego tomado pela vaidade e o coração partido, enviei a negativa: “Não conseguiria conciliar a atribulada vida de jornalista com a também dura vida de modelo.”

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Quando se recebe um convite assim, tão bizarro quanto o topete de Trump, precisa-se fazer uma profunda autorreflexão e dizer, sem medo de ser feliz: você não faz mais sentido, está chegando a hora de partir, Facebook.

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De Valter Hugo Mãe, importante escritor português: “O inferno não são os outros. Eles são o paraíso, porque um homem sozinho é apenas um animal. A humanidade começa nos que te rodeiam, e não exatamente em ti.”

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Marcelo Adnet, com os tutoriais dos candidatos à Presidência, é um tremendo destaque das eleições 2018.  Viva o humor!

 

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