Em uma recente campanha, a Volvo diz que pensa no futuro e aposta suas fichas na eletrificação. Numa ousada ação, a marca anunciou que tira de linha seu segundo modelo mais vendido no Brasil, o XC40 híbrido, responsável por 43% de seus emplacamentos no país, e passa a oferecê-lo apenas na opção 100% elétrica.

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Mas, por trás disso existe outro motivo. As bolas foram levantadas pelos colegas Boris Feldman e Fernando Calmon, confirmadas em parte pela própria Volvo. O atual XC40 híbrido não atenderia à nova legislação de emissões do Proconve, a L7, que entra em vigor em janeiro de 2022. O investimento para adaptá-lo não compensaria, então a Volvo tomou esse caminho. Os demais carros híbridos atendem aos padrões L7.

Em termos de preço, o XC40 híbrido plug-in custa R$ 274.950, enquanto sua versão elétrica pura sai por R$ 389.950. São R$ 115 mil de diferença. Por estar há pouco tempo à venda no país, a marca não divulga o share entre híbrido e elétrico.

Já o SUV imediatamente superior, o XC60, está por R$ 399.950. Ou seja, o consumidor que não quiser entrar de cabeça num veículo 100% elétrico tem duas opções: leva o XC60 por essa diferença de preço ou desiste da Volvo e opta por modelo similar de outra marca.

Convenhamos que o híbrido plug-in nem chega perto do elétrico: sua bateria suporta rodar por volta de 50 km. Depois disso, bebe gasolina até que sua bateria ganhe carga na regeneração ou seja plugada na tomada.

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Em contrapartida, tem excelente consumo. Segundo o Inmetro, faz na cidade 23,9 km/l. Na estrada chega a 22,3 km/l. Mas o órgão que atesta o consumo não informa quanto o carro gasta de gasolina se zerar a bateria, algo comum em uma viagem, por exemplo.

Já o XC40 puramente elétrico percorre 418 km – “autonomia em condições ideais. A autonomia real pode variar e é afetada por muitos fatores. A autonomia está em conformidade com os ciclos de condução WLTP e EPA. Pode variar em ambiente real”, informa a Volvo.

Hoje, o XC40 Recharge Pure Electric é o precursor da linha e, no início do ano que vem, a Volvo estreia no Brasil o C40, seu segundo modelo 100% elétrico.

Volvo C40
Volvo C40: futuro elétrico será lançado em 2022 no Brasil (Foto: Volvo)

Desnecessário

A polêmica recai sobre o marketing. Ao querer enaltecer sua decisão, a Volvo atacou de forma desnecessária a concorrência. “Somos a primeira marca que teve coragem de fazer um movimento desse porte. Estamos pegando nosso principal produto e transformando em elétrico. Isso demonstra nossa convicção de que a eletrificação é chave para a mobilidade sustentável. Líderes devem agir. Eletrificação para a Volvo não é nicho nem complemento de gama, é realidade. Quem vem pra Volvo vai encontrar o futuro agora”, disse João Oliveira, diretor geral de operações e inovação da Volvo Car Brasil.

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De acordo com um porta-voz da marca de origem sueca, “a grande maioria dos veículos não atende à L7, e são feitas modificações para que possam atender às novas normas. Com o XC40 híbrido, a Volvo optou por não fazer, e tornar a linha de entrada dos seus produtos em 100% elétrico”. 

Sabendo dos bastidores, acredito que a Volvo poderia pegar mais leve e até admitir (e não omitir) o real motivo de sua decisão.

Além disso, vamos lembrar que Nissan, Volkswagen e até BMW investem em projetos que utilizem o combustível renovável etanol para gerar energia em modelos híbridos ou elétricos. Embora ainda estejam em fase de testes, são potenciais inovações a caminho.

Todos buscam um caminho para atender às novas normas dos países onde comercializam veículos e, até de um futuro breve, para reduzir drasticamente as emissões.

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A eletrificação, pelo menos no Brasil, ainda engatinha e deve explicações sobre: o volume que a atual rede elétrica suportaria de frota, infraestrutura (fora dos privilegiados eixos Sudeste-Sul do país) e planejamento do que fazer com as baterias que não servirem mais, entre outras coisas.

Volvo XC40 Recharge
Volvo XC40 Recharge – (Foto: Fabio Aro / Volvo / Divulgação)
Volvo XC40 Recharge
Volvo XC40 Recharge – (Foto: Fabio Aro / Volvo / Divulgação)
Volvo XC40 Recharge
Volvo XC40 Recharge – (Foto: Fabio Aro / Volvo / Divulgação)
Volvo XC40 Recharge
Volvo XC40 Recharge – (Foto: Fabio Aro / Volvo / Divulgação)
Volvo XC40 Recharge
Volvo XC40 Recharge – (Foto: Fabio Aro / Volvo / Divulgação)

E por falar em L7… Sandero R.S. é mais uma das vítimas

A nova norma do Proconve, L7, que entra em vigor em 1º de janeiro, faz mais uma vítima. Mas assim como o Fiat Uno, a versão esportiva do Renault Sandero R.S. receberá um nome especial de despedida, a R.S. Finale.

Serão as últimas 100 unidades da versão com motor 2.0 de 150 cv por R$ 99.290. Para esta edição limitada, a Renault preparou um kit especial composto por pôster no estilo blueprint do esportivo, boné, chaveiro, squeeze e carteira. E, claro, uma plaqueta de identificação numerada.

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Desenvolvido pela Renault Sport, em conjunto com as equipes de design e engenharia da América Latina, o Sandero R.S. 2.0 atinge a velocidade máxima de 202 km/h e vai de 0 a 100 km/h em apenas 8 segundos.

Lançado em 2015, teve mais de 4.600 unidades produzidas em São José dos Pinhais (PR).

Funcionários da fábrica no Paraná se despedem do esportivo
Funcionários da fábrica no Paraná se despedem do esportivo – (Foto: Renault )
Kit que vem na edição Finale
Kit que vem na edição Finale – (Foto: Renault )
Sandero R.S. tem motor de 150 cv
Sandero R.S. tem motor de 150 cv – (Foto: Renault )
Interior do Sandero R.S. tem acabamento mais esportivo
Interior do Sandero R.S. tem acabamento mais esportivo – (Foto: Renault )