A recuperação do mercado de carros é indiscutível para a maioria dos líderes do segmento automotivo, mas com algumas ressalvas. Durante o Congresso AutoData Perspectivas 2022, realizado entre 18 e 22 de outubro, a Anfavea, associação que reúne as montadoras, apontou que a vacinação trouxe um alento.

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Segundo Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade, assim como em outros setores, conforme a vacinação for avançando, a tendência é de que haja uma percepção de melhora no mercado. “A doença foi a origem do problema e a vacina é a origem da solução. Com a saúde da população sob controle voltam os serviços, os eventos, o turismo. Isso faz a economia rodar, gera empregos em vários setores”, afirmou.

Renault busca renovação

Para Ricardo Gondo, presidente da Renault no Brasil, o mercado deve crescer de 15% a 20%, puxado pelas locadoras, que têm demanda reprimida e precisam renovar sua frota. Ao mesmo tempo, acredita que o primeiro semestre ainda será impactado pela falta de semicondutores, com expectativa de atender melhor à demanda no segundo semestre.

SUV da Renault traz o eficiente motor importado: chances de nacionalização
SUV da Renault traz o eficiente motor importado: chances de nacionalização (Foto: Divulgação)

A renovação de portfólio de veículos e de motores da Renault estão em discussão com a matriz francesa após o término do ciclo de investimentos em 2022, de R$ 1,1 bilhão. O mais recente lançamento da marca, o Captur, recebeu o elogiado motor 1.3 turbo importado da Espanha e sua nacionalização passa por análise.

GM está otimista

Uma das montadoras mais afetadas pela falta de microchips, a General Motors está com muita esperança em 2022. Seu novo presidente para a América do Sul, Santiago Chamorro, estima que as vendas de veículos no Brasil devem subir de 20 a 30% em 2021.

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GM espera retomar produção do Onix e recuperar vendas
GM espera retomar produção do Onix e recuperar vendas (Foto: Divulgação)

Para Chamorro, somando pontos positivos e negativos haverá um crescimento da indústria no ano que vem. “Nosso foco, a curto prazo, será atender a demanda reprimida e reduzir o tempo de espera por nossos veículos”, disse.

Volks aposta no etanol

A inflação que desponta em 2021 é alvo de preocupação para Pablo Di Si, presidente da Volkswagen para a América Latina. Apesar da forte demanda – e reprimida – por consumidores que deixaram de viajar e agora querem comprar um bom carro, os preços mais altos podem indicar um momento de equilíbrio.

Estudos com etanol apontam novos rumos da Volkswagen no Brasil
Estudos com etanol apontam novos rumos da Volkswagen no Brasil (Foto: Divulgação)

Olhando para o futuro, enquanto o mundo discute a eletrificação, a Volkswagen quer dar uma atenção especial ao etanol, na expectativa de tornar o Brasil em Centro de Desenvolvimento para Biocombustíveis. “Nós teremos elétricos, mas eles conviverão com os veículos flex e os híbridos flex. Não podemos desprezar o que o Brasil tem de melhor, que é o etanol. A Volkswagen está desenvolvendo o seu híbrido, que poderá rodar, também, com etanol”, antecipou.

Toyota vai investir na eletrificação

Com o câmbio elevado e sem perspectivas que baixe, a Toyota fará um esforço pelo aumento de nacionalização de componentes, o que também traria mais segurança e previsibilidade às suas operações.

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Com expectativa de crescimento acima de 20% em 2022, Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil, já vislumbra aumentar mais um turno em sua fábrica de Sorocaba (SP). A marca fez um tiro certeiro com seu SUV Corolla Cross, que é sucesso no Brasil e exportado para mais de 20 mercados na América Latina.

Os planos são ousados: ter até 2025 todo portfólio no Brasil eletrificado. Uma das apostas, além do híbrido flex, será trazer modelos atuais com tecnologia híbrida plug in – o veículo poderá rodar com gasolina e terá o motor elétrico, com recarga na tomada, como adicional.

Caoa só pensa em crescer

Após a morte de seu fundador, a Caoa quer manter o ritmo de crescimento para 2022, com novos produtos em todas as marcas: Chery, Hyundai e a nova Exeed (marca de luxo da Chery). Os utilitários esportivos e sedãs são as principais apostas, de acordo com o presidente, Mauro Correia, que também colocou suas perspectivas para o próximo ano no Congresso AutoData.

SUVs e sedãs são a aposta da marca para crescer mais no país
SUVs e sedãs são a aposta da marca para crescer mais no país (Foto: Divulgação)

O Grupo produz SUVs em Anápolis (GO) e também sedãs em Jacareí (SP) e Correia estima uma alta de 10% nas vendas, se a falta de componentes se regularizar. Em 2020 o grupo investiu R$ 1,5 bilhão e lançou, com essa rodada, os modelos Tiggo 8, Arizzo 6 e Tiggo 3x.

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Para 2022, a estimativa é chegar a 100 mil veículos vendidos, de todas suas marcas. Só a Chery este ano espera avançar 50% sobre 2020, com a comercialização de 40 mil unidades. A rede cresce, com expectativa de encerrar 2021 com 140 lojas.