A saída de linha de um carro sempre tem seus motivos, e eles podem ser diversos. Desde uma opção estratégica da fabricante, para dar espaço na linha de produção a outro modelo que vende mais; ou no caso de ser importado, aquele modelo passou a custar mais (impostos, desvalorização cambial) e até por baixos volumes, o que nem sempre as montadoras admitem.
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Seja lá qual for o motivo, o consumidor não gostará. Ele, que investiu muito num bem de alto valor agregado, vai se preocupar com a desvalorização e uma possível dificuldade de manutenção depois de um tempo.
Nem todos os modelos que saem de linha perdem valor, até porque nosso mercado de seminovos vive uma fase aquecida.
O desconforto, felizmente, atinge parte desses consumidores desalentados. Isso porque carros de maior volume ficam mais protegidos pelas forças do mercado. E sair de linha pode afetar menos seu bolso.
Neste cesto, podemos incluir os Chevrolet Onix Joy e Joy Plus (2019-2021), que deixaram de ser produzidos porque não atenderiam às novas normas de emissões. Ambos compartilham componentes do veículo mais vendido por anos no país, o Onix, e certamente são modelos bem aceitos no segmento de usados.
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Outro veículo que teve um bom volume de vendas e conviveu com sua nova geração por um ano foi o V-Drive, da Nissan (2020-2021). Ele era o antigo Versa que mudou de nome. Por motivos de mercado, pandemia, etc. a Nissan o tirou de linha (era feito em Resende – RJ) e preferiu concentrar esforços da planta no SUV Kicks.
Por suas qualidades em relação a espaço, principalmente, é um modelo muito procurado por motoristas de aplicativo. Sua saída do mercado, embora precoce, não deve abalar seu bom custo-benefício.
Os carros da marca japonesa Honda estão sempre entre os mais bem cotados no quesito “baixa desvalorização”. A maioria dos modelos produzidos no Brasil tem ótima aceitação entre os usados. Por isso, a saída de cena do WR-V (2017-2021) não deve afetar sua reputação.
Quem pode se dar mal
Mas há modelos de menor volume e de marcas menos consagradas que podem representar a temida dupla “desvalorização + dificuldade em achar componentes” para seus atuais e futuros proprietários.
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Um dos casos mais emblemáticos é o Caoa Chery Tiggo 3x (2021-2022). Com menos de um ano de mercado, começava a despertar o interesse dos consumidores até porque passou a ser o modelo de entrada da marca – o Tiggo 2 havia saído de linha na virada do ano por não atender às novas normas de emissões.
O Tiggo 3x deixou de ser produzido por causa do fechamento da fábrica de Jacareí (SP), que passará por readequações e só está prevista de reabrir em 2025.
Com pouco mais de 8 mil unidades vendidas nesse curto tempo de mercado, é um carro que pode dar mais trabalho na revenda e na futura manutenção.
Híbrido de vida curta
O mesmo pode ocorrer com o Volvo XC40 Hybrid (2020-2021), que foi substituído pelo modelo elétrico. Apesar do discurso da importadora ter sido na linha da “evolução” e estratégia de eletrificação, sabe-se que o híbrido não atenderia às novas normas de emissões e o investimento em uma redequação não valeria a pena.
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Mas o pouquíssimo tempo de vida pode preocupar quem procure fazer reparos quando o carro já tiver um certo tempo de mercado.
Hatch vindo do México: baixo volume
Por fim, outro mal-aventurado é o mexicano Kia Rio (2019-2021), com menos de 2 anos no mercado. Certamente a pandemia e a disparada do dólar foram os principais motivos pela sua saída, mas não é a primeira vez que a Kia decepciona seus consumidores.
Por ser menos conhecido, o hatch, que teve parcas 539 unidades vendidas, vai ser um carro para poucos no segmento de usados. E sempre vai pairar uma dúvida em relação à sua manutenção e oferta de peças.