Que o combustível do presidente Jair Bolsonaro é a polarização, todo mundo sabe. Aliás,  a característica mais apreciada pelo eleitores fieis do capitão é o pacote: embate constante, tensionamento, inimigos bem definidos e bate-boca nas redes sociais. A pandemia do coronavírus, no entanto, colocou todo mundo no mesmo barco, sendo que as comunidades carentes estão ainda mais prejudicadas.

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Sem um claro plano de ação para tirar o país da recessão econômica que se avizinha, o presidente da República ficou sem papel de liderança, murchou politicamente. A única saída encontrada para retomar o vigor foi criar uma crise dentro da crise. E aí veio o pronunciamento na noite de terça-feira, dia 24. Como um rastilho de pólvora, as redes bolsonaristas se animaram e os ataques cibernéticos a governadores e prefeitos começaram. Bolsonaro estava de volta ao ringue. Mas a que preço?

Governar é construir consensos. A exemplo do que ocorre em Santa Catarina, dentro do Ministério da Saúde já havia a construção de uma flexibilização das quarentenas. Processo que precisa ser construído de acordo com a evolução dos casos de coronavírus no sistema de saúde e adaptado à realidade de cada região do país. A doença irá se comportar de uma maneira no Sul, onde há inverno rigoroso, e de outra no Norte e no Nordeste.

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Constrangido, o ministro da Saúde, Luís Henrique Mandetta, afirmou que não é hora de apontar o dedo para ninguém. O vice-presidente, general Hamilton Mourão, afirmou que o presidente se expressou mal.

O Ministério da Economia precisa, com urgência, reunir todos os anúncios feitos de maneira picotada em um conjunto de ações e apresentar à sociedade. Os trabalhadores precisam de um claro colchão social. E os empresários devem participar de maneira efetiva, com um olho no que está ocorrendo no Exterior e outro no mercado interno. A pandemia é grave. O momento exige maturidade política e sensibilidade. Quem tem um mínimo de responsabilidade, deixa a preocupação com as eleições de 2022 no fim da fila das prioridades.

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Sensibilidade

Se a crise fiscal não sensibilizou os poderes, a pandemia do coronavírus precisa provocar uma mudança de hábitos. Executivo, Legislativo e Judiciário devem fazer a sua parte, na formação de um grande fundo para um colchão social.