*Por Silvana Pires

A farra fiscal deste final de ano e só um tira-gosto do que o ministro da Economia enfrentará em 2019. Paulo Guedes assume com o compromisso de zerar o déficit fiscal e gerar emprego. Pragmático, montou uma equipe de primeira, alinhada com os princípios liberais do chefe.

Continua depois da publicidade

A sinalização para os mercados não poderia ser melhor. Mas todo o otimismo dos empresários pode ir por água abaixo se não houver comprometimento de todos os poderes com a redução de gastos. A impressão nestes últimos dias de dezembro é de que Judiciário e Legislativo não estão levando a sério o compromisso do presidente eleito Jair Bolsonaro com a austeridade fiscal. Mas como dizem os políticos mais experientes de Brasília, uma coisa é tribuna, outra é campanha e outra, bem diferente, é ter que governar. 

Só a pauta de costumes de Jair Bolsonaro, que tanto sucesso fez nas eleições, não será suficiente para segurar a popularidade ao longo de quatro anos. Se não houver reação da economia, esse importante patrimônio murchará. A população quer, sim, combate à corrupção e mudança de “tudo que está aí”. Mas quer emprego e voltar a ter poder de compra.

Os principais conselheiros do presidente eleito sabem disso. O desafio será costurar um pacto nacional em nome de uma máquina pública mais eficiente e que gaste menos. Para isso, também o setor privado precisa se engajar.  

Continua depois da publicidade

Questionado sobre as prioridades para 2019, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio Noronha, defendeu a revisão do pacto federativo como maneira de ajudar a financiar os Estados em crise. Ele tem toda razão.

Uma reforma tributária, com novos critérios de divisão da arrecadação é fundamental para o futuro de Estados e municípios. Mas de nada adianta esse discurso se o sacrifício ficar concentrado em apenas um segmento da sociedade. Tribunais de Justiça de Mato Grosso do Sul e do Maranhão inventaram maneiras de compensar a restrição do auxílio-moradia, ampliando o pagamento de penduricalhos como auxílio-transporte e alimentação. Um deboche. Paulo Guedes terá trabalho. 

Compromete 

O silêncio de Fabrício Queiróz é um fardo cada vez mais pesado para o próximo governo. Quem aposta no sumiço do ex-motorista como estratégia para esfriar o assunto só alimenta o desgaste. Antes sumido, agora Queiróz alega que está doente. O deputado Flávio Bolsonaro disse que as explicações que escutou do ex-motorista eram plausíveis. Agora Flávio terá que ir ao MP. 

Natal antecipado 

Com planos de se apresentar à Justiça, o deputado João Rodrigues (PSD-SC) antecipou o Natal com a família para a noite da última quinta-feira. A ceia foi na casa dele em Chapecó. Em um grupo do Whatsapp com políticos da região, Rodrigues enviou uma foto da comemoração em que aparece com a esposa, Fabiana, vestida de Mamãe Noel, e com as filhas. De acordo com o advogado Marlon Bertol, Rodrigues já está em Brasília e se apresenta à Justiça na segunda-feira. 

Continua depois da publicidade

Frase

Todos vocês são testemunhas que, por duas vezes, nos colocamos à disposição da federalização e, por duas vezes, fomos recusados. E essa Polícia Federal não tem nenhuma participação na elucidação do caso Marielle porque não nos deixaram entrar no processo – Raul Jungmann, ministro da Segurança sobre o caso Marielle