O que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, oferece para o juiz Sérgio Moro é um combo quase irresistível: um superministério da Justiça com passaporte carimbado para a primeira vaga que abrir no Supremo Tribunal Federal (STF). Jovem, vaidoso e bem-sucedido, juiz símbolo da Operação Lava-Jato, Moro se reunirá com o presidente com a intenção de dizer sim para essa oferta. Para Bolsonaro, um político especialista em lidar com símbolos, é um gol. Atrairá para o seu governo uma estrela do combate à corrupção, homem que colocou políticos e empresários poderosos atrás das grades. Por outro lado, estará colocando ao seu lado uma figura com fã-clube, alguém que ele não pode demitir. Para Moro, os impactos são múltiplos. Ao aceitar integrar o governo de Bolsonaro ele coloca sob suspeição quatro anos de trabalho na Lava-jato, alimentando o discurso do PT de perseguição e de que o juiz sempre teve lado. Além disso, ele abandona a liderança da Lava-jato em nome de um projeto pessoal, o que não pega nada bem. E assumirá toda a área de segurança pública, a grande bandeira de Bolsonaro. No comando, terá que fazer o que os últimos ministros da Justiça não fizeram: uma política nacional de segurança pública com começo, meio e fim. 

Continua depois da publicidade

Torcida
 

Futuro ministro da Defesa, o general Augusto Heleno vibrou quando soube da intenção de Bolsonaro de convidar Moro para o governo. Para ele, não poderia haver nome melhor.  Dos últimos ministros, o único que o general cita com elogios é Marcio Thomas Bastos, que comandou a pasta no governo Lula.

Infraestrutura 
 

A área de infraestutura da transição tem um estudo completo sobre estradas, rodovias e ferrovias no país, com mapas detalhados. O general Heleno estava com o livro ao lado da lista com os nomes para transição. 

Continua depois da publicidade

Prova de laço
 

O presidente da UDR, Nabhan Garcia, defendeu o nome do deputado Jerônimo Goergen (PP) para o Ministério da Agricultura. Principal interlocutor de Bolsonaro na área do agronegócio, Nabhan afirma que essa é uma indicação da base produtiva. Mas há uma disputa pela vaga. A bancada ruralista da Câmara quer ser responsável pela indicação e não gostou de ver um nome correndo por fora. 

Frase

Sem educação, não há cidadania. Sem liberdade de ensino e de pensamento, não há democracia.
Edson Fachin – Ministro do STF durante julgamento sobre operações policiais em universidades.