Se depender dos planos anunciados pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro vai ter um programa social para chamar de seu. Além de ampliar o pagamento do auxílio emergencial em mais dois meses, o ministro quer mudar o nome do Bolsa Família para Renda Brasil e colocar para dentro da rede de proteção os trabalhadores informais.

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Na esteira dessas medidas, Guedes também quer desenterrar a ideia da carteira verde-amarela, que extingue alguns direitos trabalhistas em nome da redução de burocracia para o empregador e a consequente geração de emprego. Mas esse projeto está na gênese liberal do ministro e, justiça seja feita, foi aprovado pelas urnas nas últimas eleições. Se o Congresso vai aprovar, são outros quinhentos.

Nos dois casos a justificativa é a emergência. No Brasil pós-pandemia, com uma economia no fundo do poço, um plano de recuperação terá que ser colocado em prática, mas com uma nova lógica. Guedes terá que promover um cavalo de pau nas prioridades que desenhou para o que considerava o ideal de política econômica. O governo federal vai precisar interferir, não haverá clima ou tempo para todas as reformas, haverá uma nova ordem mundial.

Nesse cavalo de pau, há vantagens e desvantagens para Bolsonaro. A estratégia negacionista do presidente diante do coronavírus se revelou um desastre. Ignorar as medidas sanitárias e tentar jogar a responsabilidade pelas políticas para governadores e prefeitos corroeram a popularidade do capitão. No mundo, lideranças que ouviram a Ciência são aquelas que estão colhendo o maior apoio da população. No Brasil, opresidente conta com cerca de 25%, 30% dos eleitores mais fieis.

A chance de recuperação do presidente, portanto, é conseguir tirar da cartola um bom plano para minimizar o tombo na economia, com um forte apelo popular. Não há polarização ou discurso contra fantasmas comunistas que resista a uma recessão, a um bolso vazio. Bolsonaro sabe disso. A desvantagem está no método. Com exceção da reforma da Previdência, em mais de um ano de governo, a equipe de Guedes não tirou do papel um grande projeto. Responsável pelo INSS, a pasta de Guedes não conseguiu gerenciar as filas dos benefícios previdenciários, conseguirá colocar para rodar um programa social deste tamanho? Na mesma esteira, há o aceno de crédito para micro e pequenas empresas.

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