*Por Silvana Pires, interino

A semana foi marcada por uma reviravolta no cenário das eleições presidenciais. O centrão – bloco formado pelo DEM, Solidariedade, PP, PR e PRB – está praticamente fechado com Geraldo Alckmin (PSDB). O anúncio oficial só deve ocorrer na quinta-feira (26), o que ainda deixa esperança para Ciro Gomes (PDT). Tanto que, logo depois que vazou a informação da aliança, o coordenador da campanha do pedetista, Cid Gomes, ficou mais de uma hora ao telefone com o ex-deputado federal Valdemar da Costa Neto, considerado o dono do PR. Foi justamente o Partido da República que fez o jogo virar a favor de Alckmin, após colocar um ponto final nas negociações com Jair Bolsonaro (PSL). De quebra, a sigla ainda deve emplacar a indicação do vice Josué Gomes.

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Todos esses movimentos demonstram a força de articulação que o centrão vem apresentando a fim de se manter no poder. A ideia aqui não é estar ao lado de uma proposta política, mas sim de quem se acredita que vai estar no comando do Palácio do Planalto. Não é à toa que estes partidos possuem algo em comum: todos têm seus principais líderes investigados na Lava-Jato. Neste momento, a aliança pode até ser positiva, afinal o bloco detém 40% do tempo de propaganda eleitoral gratuita em rádio e TV. Mas é bom lembrar que, em caso de vitória, o futuro presidente poderá se tornar refém desse mesmo grupo, que hoje reúne 164 deputados federais, sendo fundamental para o sucesso de qualquer medida no Legislativo.

Embora a configuração da Câmara possa mudar no próximo pleito, o que vemos é uma mobilização dos líderes partidários para garantir recursos aos candidatos que já possuem mandato. Ou seja, deixando pouca margem para renovação do quadro. 

 

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Esquerda

Se confirmado o apoio do centrão a Alckmin, Ciro deve intensificar o diálogo com partidos mais ligados à esquerda. O pedetista nunca escondeu que sua prioridade era atrair o PSB, agora ainda mais indispensável. Ao falar no lançamento da campanha, na sexta-feira (20), Ciro mediu as palavras justamente para direcionar o discurso às legendas que historicamente fazem oposição ao PSDB. O que ainda parece improvável é qualquer aproximação de Ciro com o PT no primeiro turno, já que o Partido dos Trabalhadores insiste no nome do ex-presidente Lula, embora a chance de sua candidatura não ser barrada pela Lei da Ficha Limpa seja quase zero. 

 

Apoio

O Democratas está praticamente fechado com Geraldo Alckmin (PSDB). Mas, no Ceará, a situação é diferente, o partido está com Ciro Gomes. Tanto que o vice-prefeito de Fortaleza, Moroni Torgan, viajou a Brasília para prestigiar o lançamento da candidatura do pedetista. À coluna, Moroni contou que não vê problema em não seguir a posição de seu partido e apoiar Ciro. 

 

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