A seis meses do fim do mandato, Michel Temer é um presidente da República paralisado pelas pressões. Ele tem medo de uma nova greve dos caminhoneiros, da reação dos empresários descontentes com a tabela do frete, de uma nova onda de protestos, das investigações da Polícia Federal, de uma terceira denúncia da Procuradoria-Geral da República e de ser preso a partir do próximo ano. Esse quadro se agravou nesta semana, diante da confusão criada pelo próprio governo, que não consegue colocar em prática o acordo com os caminhoneiros porque não avaliou o impacto do pacote. Em eventos públicos, o presidente já não esconde o cansaço e o abatimento. No Palácio do Planalto, o comentário é que ele está irritado. Na área econômica, os mercados estão em polvorosa e a especulação corre solta.
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Da mesma maneira que lideranças de caminhoneiros deitam e rolam, ameaçando com outra greve, outros grupos identificam a chance de tirar uma casquinha. Partidos e grupos fisiológicos emplacam parlamentares do baixo clero em cargos de primeiro escalão. Corporações que atuam no Congresso já tentam convencer os parlamentares a assegurar vantagens para o orçamento do próximo ano. Políticos experientes, como o deputado Esperidião Amin (PP-SC), apostam que as reivindicações não vão estacionar no preço do diesel:
– Se o governo está subsidiando o preço do diesel, por que não vai subsidiar o gás de cozinha?
Amin não acredita que a pressão das corporações por benefícios e aumentos possa prosperar porque, neste caso, não interessa a prefeituras e Estados. O problema do emedebista é quando ele não tem o apoio de governadores e prefeitos. O impasse com os caminhoneiros implodiu um dos principais alicerces do governo Temer: a base de apoio no Congresso. O que resta de credibilidade no Planalto é a área econômica, que se mobiliza para combater a alta do dólar e os especuladores.
Há cinco anos, quando grandes manifestações pegaram de surpresa o mundo político, foi o começo do fim do governo de Dilma Rousseff (PT). Agora, o governo recua na tabela do frete e trata com todo cuidado a questão dos caminhoneiros, temendo que uma nova paralisação seja o gatilho para protestos maiores.
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DE VOLTA
O deputado João Rodrigues (PSD-SC) poderá voltar a trabalhar na Câmara. A situação dele, que só poderá frequentar o Congresso durante o dia, estará definida até a quarta-feira da próxima semana. A previsão é do advogado Cleber Lopes. A Vara de Execuções Penais do Distrito Federal precisa autorizar a transferência do catarinense do presídio da Papuda para uma unidade de regime semiaberto em Brasília.
SURPRESA!
A decisão do ministro Luís Roberto Barroso de autorizar o deputado João Rodrigues a trabalhar durante o dia surpreendeu a Câmara, que já estava com tudo pronto para receber o suplente do catarinense, Edinho Bez (MDB). O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez uma reunião na manhã de sexta-feira com técnicos da Secretaria-Geral da Mesa para entender o que poderia ser feito. No final, cancelou decisão de quinta-feira, que convocava o suplente.