Michel Temer não resistiu a três meses longe do foro privilegiado. Sobrevivente de duas denúncias, alvo de 10 inquéritos, apontado em relatório da Polícia Federal como chefe de uma quadrilha, nem a boa relação do ex-presidente da República com a cúpula do poder judiciário o salvou da prisão.
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No pedido de prisão, o juiz Marcelo Bretas argumenta que Temer é líder de organização criminosa e responsável por atos de corrupção, neste caso específico, envolvendo propinas pagas nas obras da usina de Angra 3. Amigos do peito e parceiros na política, o ex-ministro Moreira Franco e o coronel Lima também foram parar atrás das grades.
Uma operação de grande impacto político que tem dois sentidos no contexto nacional: com esse troféu, a Lava-Jato ganha fôlego e mostra que está longe de morrer. Além disso, é o ocaso de um grupo poderoso que vem comandando há décadas um dos principais partidos do Brasil, o MDB.
Temer é o segundo presidente da República preso no Brasil por denúncia de corrupção em menos de um ano. Em maio, completa um ano da prisão que levou Lula para a carceragem da PF no Paraná.
É a conclusão de um enredo que levou outros caciques poderosos do MDB para a cadeia: Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves (hoje com tornozeleira). Sobraram Romero Jucá, Renan Calheiros, Eliseu Padilha e José Sarney.
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Mas aquele poder todo, que embalou anos de impunidade, pelo jeito já era. O MDB terá que se reinventar com urgência.
Monitorando
O advogado de Eliseu Padilha afirmou à coluna que entrou em contato com a PF, assim que houve a notícia da prisão de Temer, colocando o ex-ministro à disposição para qualquer esclarecimento. O ex-ministro de Temer não é citado na Operação Descontaminação, mas responde a outros processos – ligados à caixa 2. Padilha acompanhou o caso de seu escritório, em Porto Alegre.
— Sequer nos preocupamos – disse o advogado à coluna sobre risco de prisão do ex-ministro da Casa Civil.
Reservada
A brincadeira entre advogados da Lava-Jato, em Brasília, é que existia uma cela na Polícia Federal com o nome "Moreira Franco", tamanha era a certeza de que mais cedo ou mais tarde o ex-ministro seria preso.
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Frase
"Já falei a respeito da mesma situação do presidente Lula. É muito ruim para o país ter um ex-presidente preso. Agora seguem as investigações"
Do presidente interino, General Hamilton Mourão