O presidente Michel Temer encerrou a semana tentando apagar um incêndio provocado pelos seus próprios aliados. Questionado se será candidato à reeleição, ele negou a intenção, embora ministros, deputados e marqueteiros tenham alimentado boatos de que o peemedebista se prepara para defender o próprio legado. Tudo, é claro, se a intervenção no Rio de Janeiro apresentar resultado prático, se a popularidade do presidente reagir e se o PMDB abraçar de fato a ideia.

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Temer não confirma o que os seus defensores têm afirmado nos bastidores porque a candidatura é ainda uma hipótese e também porque precisa deixar as portas abertas. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já demonstrou desconforto em ver mais uma candidatura de centro se apresentando. Sem hesitar, chamou a agenda econômica de Temer de café frio.

Maia tem razão, não há novidade na pauta do Planalto. Mas o ataque foi recebido pelo governo como um recado de quem está interessado em ser protagonista nesta eleição. Quem também reagiu foi o ministro Henrique Meirelles (Fazenda). Ele acalenta o sonho de ser candidato à Presidência, quem sabe até mesmo pelo PMDB. Diante dos movimentos de Temer, Meirelles procurou marqueteiros experientes e começou a se expor mais. Sabe que precisa se tornar conhecido. Além do peso de defender o legado do atual governo, Temer, Maia e Meirelles têm em comum a falta de popularidade e carisma. Viabilizar uma candidatura à presidência não será fácil para nenhum dos três.

Foro privilegiado

Com a PEC sobre o fim do foro privilegiado parada no Congresso em função da intervenção no Rio de Janeiro, para alívio de muitos parlamentares enroscados com a Justiça, o assunto agora está nas mãos do Supremo Tribunal Federal. E deve entrar em pauta logo. O ministro Dias Toffoli prometeu que vai liberar o tema para o plenário até o final de março. O julgamento foi interrompido por um pedido de vista de Toffoli, mas já há maioria para restringir o foro para crimes cometidos durante e em função do mandato.

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Uso eleitoreiro

O ex-ministro da Cultura de Temer Marcelo Calero, pivô da demissão do então ministro Geddel Vieira Lima (hoje preso em Brasília), tem feito críticas nas redes sociais à intervenção no Rio de Janeiro. À coluna Calero afirmou que algo precisava ser feito, inclusive em função da “incompetência” do governador Luiz Fernando Pezão, mas vê com preocupação o uso eleitoreiro da ação:

– A gente sabe que as Forças Armadas tem potencial para contribuir para que a situação melhore. Agora o que a gente viu, nessa primeira semana, foi um uso eleitoral.  O governo tinha até a propaganda pronta, mas não tinha planejamento.

Frase

“Cogitou-se num primeiro momento, mas logo afastei a ideia. Seria uma coisa muito radical e logo refutei. Ficamos com a conclusão que deveríamos intervir na área de segurança pública”. 

Michel Temer ao comentar a possibilidade de uma intervenção total no Rio de Janeiro. 

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