Censura à imprensa, críticas do Senado e queda de braço com a Procuradoria-Geral da República. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, que assumiu com um discurso conciliador, de harmonia entre os poderes e retirada da Suprema Corte dos holofotes, perdeu a mão. Quando instalou o inquérito das fake news, Toffoli apresentou um argumento bastante concreto: ministros estavam sofrendo ameaças nas redes sociais, o que de fato é inadmissível.
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O ministro Alexandre de Moraes assumiu a relatoria e determinou as investigações, mas as ações descambaram para a proibição de uma publicação que mencionava Toffoli. Além disso, críticos do STF foram alvo de mandados de busca de apreensão. Como se essa confusão não bastasse, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, determinou o arquivamento do caso e Moraes não aceitou. O clima não poderia ser pior e o desgaste de ministros do Supremo alcança níveis preocupantes.
No jogo
Observadores atentos do jogo de poder em Brasília comentam que Raquel Dodge voltou ao jogo na disputa pelo comando da Procuradoria-Geral da República, depois de ter determinado o arquivamento do inquérito do processo de fake news do Supremo Tribunal Federal (STF). A iniciativa foi considerada ousada e Dodge teve o apoio imediato do coordenador da Força-Tarefa da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, e da Associação Nacional dos Procuradores.
Climão
O advogado de João Rodrigues escolheu um péssimo dia para tentar audiência com o ministro Gilmar Mendes. As acusações de censura e a ação da PGR mobilizaram os ministros mais próximos de Toffoli. Marlon Bertol esperou pelo menos três horas na sala de espera de Gilmar.
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Carne Assada 2
Na nota Carne Assada publicada na edição de ontem, a coluna informou equivocadamente que o senador Jorginho Mello estava entre os presentes em um churrasco no Clube do Congresso com ministros e parlamentares. Quem participou do almoço com os ministros Tereza Cristina (Agricultura), Osmar Terra (Cidadania) e Onyx Lorezoni (Casa Civil) foi o deputado catarinense Peninha (MDB-SC).
Frase
"De uma forma estranha, apesar disso tudo, para alguns virou um projeto em favor de milícia ou da máfia. Excesso de ficção.”
Do ministro Sergio Moro (Justiça) ao defender o pacote anticrime. A mensagem no Twitter é uma indireta ao cineasta José Padilha que em artigo afirmou que a proposta de Moro é um "pacote pró-milícia, posto que facilita a violência policial".