Escolhidos pelo presidente Jair Bolsonaro para serem as estrelas da Esplanada, os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Justiça, Sérgio Moro, salvaram esses primeiros 60 dias de governo.

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Pela complexidade e rapidez do trabalho, Guedes foi o mais eficiente, ao mandar para o Congresso ainda antes do Carnaval uma reforma da Previdência completa e bem formulada. Como havia prometido, Moro também encaminhou o pacote anticrime, mas perdeu um pouco do brilho ao sucumbir à pressão de parlamentares e esfriar a criminalização do caixa 2. 

O presidente começa o ano pautando o Congresso e honrando bandeiras de campanha, o que é importante. Corporações de servidores públicos descontentes com as mudanças na aposentadoria podem reclamar de tudo, menos de terem sido enganados por Bolsonaro durante o período eleitoral. Guedes avisou que faria a reforma e que seria radical. Com isso, o governo ganha credibilidade junto aos mercados.  

São ações práticas, que de alguma forma compensam as trapalhadas na área política e a saia-justa provocada pelos filhos do presidente. As movimentações financeiras atípicas do senador Flávio Bolsonaro

(PSL-RJ), os laranjais do PSL, a fritura pública do ex-ministro Gustavo Bebianno e o vazamento de conversas entre Bebianno e Bolsonaro formam caldeirão com potencial explosivo.  

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Até aliados do presidente – aqueles livres da paixão cega – acompanham o bate-cabeça com perplexidade. O mais recente constrangimento foi a crítica do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) a uma orientação do Exército sobre uso de armas. Nos ofícios, o Ministério da Defesa apenas reforça o que já é lei. É como se houvesse dois ou mais governos: um agarrado às questões ideológicas próprias de palanques, embalados por teorias da conspiração e suspeitas de irregularidades passadas, e outro que funciona.

Com pouco dinheiro e com a missão de tocar obras, o Ministério da Infraestrutura também pode ser enquadrado no saldo positivo, assim como o time dos militares. Graças ao conhecimento e bom senso dos generais, o governo agiu com estratégia e bom senso no caso da ajuda humanitária à Venezuela.

O presidente formou um comitê de crise e divulgou informações objetivas, sem pirotecnia nas redes sociais ou declarações desencontradas. Bem como um governo deve ser.

Estratégia

Diante da situação da Venezuela, um general experiente e hábil na articulação política disse à coluna que seria uma aventura estúpida do Brasil apelar para força, com repercussões muito graves e de longuíssimo prazo. O negócio é deixar o próprio Nicolás Maduro cada vez mais exposto.

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