Lula ganhou um fôlego, enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) afunda em um desgaste sem precedentes. Todo o constrangimento se resume no malabarismo que parte dos ministros tenta executar na defesa da revisão do entendimento da prisão em segunda instância. É isso que está por trás de tanta dificuldade. Pressionada, a presidente Cármen Lúcia colocou em julgamento primeiro o habeas corpus (HC) preventivo do petista, obrigando a Corte a se posicionar a respeito de um caso específico, de repercussão imediata e polêmica. O clima de tensão estava presente em plenário e os ministros resolveram adiar a decisão final.

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A defesa do ex-presidente saiu de Brasília comemorando as vitórias, mesmo que temporárias. A primeira delas foi o fato de o plenário ter reconhecido o habeas corpus. A segunda, a liminar para que Lula não seja preso antes da retomada do julgamento final no STF.  A ministra Rosa Weber, considerada um voto fundamental para o julgamento do mérito, deu a entender que poderá manter o entendimento de que não cabe a chamada execução antecipada, o que, em um placar apertado, é importante para a estratégia petista.

Os ministros perderam tempo com a análise do habeas corpus e com um intervalo inexplicável para a conhecida hora do lanche. Ficou claro que seria mais confortável para a Corte ter julgado as ações sobre o mérito da prisão em segunda instância, como havia planejado o ministro Marco Aurélio Mello. Ele, aliás, tinha passagem marcada para a noite de ontem, em uma clara demonstração de que nem pensou na conclusão do julgamento nesta semana. Com a decisão do TRF4 confirmada para segunda-feira, o destino do ex-presidente fica de vez nas mãos de um constrangido Supremo, tudo para depois da Páscoa.

GANHA, MAS NÃO LEVA

Ao chegar para o julgamento, a ministra Rosa Weber foi cercada pelos jornalistas, que perguntaram como seria o seu voto. Ela rapidamente mudou de assunto e, para surpresas de todos, falou de futebol:

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— Viram a desgraça do meu time? Ganhou o Gre-Nal, mas foi eliminado.

FRASE

“O silêncio dos bons é a causa da audácia dos maus.”

Carlos Fernando Rodrigues, procurador da Lava-Jato, nas redes sociais logo após a decisão do STF que adiou o julgamento do habeas corpus de Lula

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