Se o presidente Jair Bolsonaro não tivesse explodido as pontes com os governadores, o pacote de socorro aos Estados e municípios poderia ser fruto de um acordo e teria uma solução mais rápida e sem tanta polêmica.
Continua depois da publicidade
É claro que os representantes dos Estados e municípios sempre pressionariam por ajuda maior, mas o formato já poderia estar pronto.
Sem interlocução no governo federal, os governadores passaram a negociar diretamente com o Congresso e encontraram no presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), um aliado ávido de primeira hora. Com uma tacada só, ele pretende assegurar socorro ao próprio Estado – que antes do coronavírus já estava quebrado – e ainda assume o lugar vago de liderança neste momento de crise.
O Ministério da Economia pode ter razão quando reclama da necessidade de alguma contrapartida para que o uso do recurso não sirva para tapar irresponsabilidades fiscais. Afinal, nem todo mundo vinha fazendo o dever de casa quanto às contas públicas.
O grande problema é que a perspectiva mudou. Quando a pandemia acabar, o discurso de arrocho fiscal do ministro Paulo Guedes terá ficado no passado e uma nova política econômica terá que ser construída para a recuperação dos municípios, dos Estados e das empresas. É óbvio que não haverá espaço para gastos desgovernados com a folha ou privilégios. Esse novo grande acordo precisa começar a ser costurado desde agora.
Continua depois da publicidade
A conta chegou
A chacota do ministro da Educação, Abraham Weintraub, sobre a China foi longe demais e, dessa vez, pode ter consequências sérias. O vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) abertura de inquérito para investigar suposto crime de preconceito.
No Twitter, Weintraub escreveu uma mensagem trocando o R pelo L, como o personagem Cebolinha, em uma alusão ao sotaque dos chineses, além de ter publicado a foto de uma história da Turma da Mônica que se passa na China. Após reações ao ato infantil do ministro, ele mesmo deletou o texto. O Supremo ainda não respondeu, mas Weintraub merece, sim, ser investigado por racismo.
Esqueceram de mim
Depois do “esquecimento”, a Casa Civil informou à coluna que o Ministério da Saúde fará parte do grupo de trabalho que irá elaborar um plano estratégico para a retomada das atividades após a pandemia do coronavírus. Com outros 17 ministérios, a comissão foi publicada no Diário Oficial da União e assinada pelo general Braga Netto. Coincidência ou não, o fato ocorreu após a entrevista de Luiz Henrique Mandetta ao Fantástico, que acabou deixando a relação entre ele e o Planalto mais tensa, inclusive com a ala militar, que até então defendia Mandetta.
No Supremo
Nesta quarta-feira (15), o Supremo deve decidir se Estados e municípios têm competência para impor medidas de isolamento social. O ministro Marco Aurélio Mello, relator da ação, já concedeu liminar favorável. Se a posição for mantida, será mais uma derrota para Bolsonaro na Justiça.
Continua depois da publicidade