O ex-juiz da maior operação de combate à corrupção de todos os tempos deixou o governo de Jair Bolsonaro em grande estilo, revelando que o presidente da República tinha intenção de interferir diretamente no comando da Polícia Federal para ter acesso a relatórios sigilosos.

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Um escândalo, que levou a Procuradoria Geral da República a pedir abertura de inquérito e o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou. Mas o seu primeiro depoimento é o retrato do anticlímax. Moro praticamente repete o que disse na entrevista coletiva, com um pouco mais detalhes. Sobram convicções ao ex-juiz, mas faltam provas. Continua sendo grave, mas é a palavra de Moro contra Bolsonaro. Se não avançar, a Procuradoria-Geral da República poderá pedir arquivamento por falta de provas.

Moro deixa claro no depoimento que Bolsonaro sempre teve uma preocupação especial com a superintendência da PF no Rio. É na sua base eleitoral que o filho Flavio Bolsonaro está sendo investigado no caso das rachadinhas pelo Ministério Público. No depoimento, Moro afirma que o presidente disse a ele:

– Você tem 27 superintendências, eu quero só a do Rio.

O primeiro ato do novo diretor-geral Rolando Alexandre de Souza foi trocar o responsável pelos trabalhos no Rio, tranquilizando o presidente da República. Mas, afinal, o que há no Rio que preocupa tanto o presidente? Moro não tem provas, mas deixa a toda a PF com uma pulga atrás da orelha sobre os próximos passos da polícia no Rio.

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Moro não tem o perfil de quem aprecia o confronto. Ele pode apenas querer de defender e deixar o dito pelo não-dito, mas será uma desmoralização.