Se o presidente Jair Bolsonaro não abrir o olho, vai sobrar pouco da ambiciosa reforma da Previdência encaminhada pelo ministro Paulo Guedes (Economia) ao Congresso. A votação do texto na Comissão de Constituição e Justiça normalmente é protocolar, somente com a análise da admissibilidade da proposta. Mas para dar uma prova de força, partidos do Centrão (PP, PR, PTB, Solidariedade, PRB) pressionaram e levaram o relator a aceitar alterações no texto já na CCJ.

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Será uma lipoaspiração na primeira etapa, em que serão retirados itens adicionais, como mudanças relacionadas ao abono salarial e à multa do FGTS. Com esse acordo, a votação ficou para a próxima semana. O mérito do texto, no entanto, será discutido só na próxima etapa, na comissão especial, onde outros pontos serão modificados. Vale lembrar que o texto ainda vai passar por duas votações no plenário da Câmara e por todas essas etapas no Senado. Para ter sucesso, o governo precisa melhorar a qualidade de seus líderes na Câmara. 

Aloprados

Não passa de factoide o pedido de impeachment do deputado Marco Feliciano (Podemos-SP) contra o vice, general Hamilton Mourão. Quem conhece o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, sabe que o assunto será engavetado. Sem apoio do próprio partido, Feliciano citou como motivo “curtidas” feitas nas redes sociais. Vice-líder do governo, o parlamentar teria assuntos mais importantes a se dedicar na defesa do Planalto. Mas por trás da iniciativa está a união de deputados evangélicos com o filósofo Olavo de Carvalho na guerra contra os generais do governo. A coluna conversou com o general Mourão, que não quis comentar o pedido de impeachment contra ele. 

Avisa lá

O governo vai bater bumbo na quarta-feira (24) para marcar a sanção da Lei da empresa Simples de crédito, que assegura às pequenas empresas e microempreendedores mais opções de acesso a financiamentos. Empresários estão sendo convidados para o evento. Bolsonaro, Guedes e o senador Jorginho Mello (PR-SC), autor da proposta, vão discursar. 

Novela sem fim

Ao contrário do que imaginava, a defesa de João Rodrigues (PSD) terá que ingressar com um pedido no Tribunal Superior Eleitoral para que o político seja diplomado. O advogado Marlon Bertol espera que o ministro-relator do processo, Admar Gonzaga, conceda uma liminar, de maneira monocrática, até que o plenário do TSE analise o caso. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes derrubou a inelegibilidade do catarinense, mas na decisão ele não esclareceu o que teria que ser feito para o deputado tomar posse. 

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FRASE

"O ministro Onyx esteve conosco aqui um pouco antes e ele disse que a coisa estava quase toda acertada. E aí tem esses pequenos desajustes que vêm até de uma relativa inexperiência."

Do ministro Paulo Guedes (Economia) ao comentar o adiamento da votação da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), na Câmara.