Do jeito que foi enviada à Câmara, a reforma da Previdência dos militares abre o flanco para que outras categorias ampliem a pressão em nome de compensações. 

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Ao mesmo tempo em que encaminha ajustes na aposentadoria, como aumento de alíquotas, há proposta de reestruturação das carreiras. Embora o ministro Paulo Guedes (Economia) não reconheça, é óbvio que o pacote foi estruturado assim para reduzir as resistências existentes na caserna. É indiscutível que existem peculiaridades na atividade das Forças Armadas e um papel estratégico para o país.

O argumento dos idealizadores da reforma dos militares é que eles não poderiam ficar presos apenas à necessidade de equilíbrio atuarial. Ao entregar o texto ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tanto o presidente Jair Bolsonaro quanto Paulo Guedes (Economia) fizeram uma ginástica para explicar o pacote suavizado. Ao pedir o apoio à aprovação das mudanças, o próprio Bolsonaro reconheceu os erros do passado, quando votou contra as propostas de reforma e foi corporativista.

O problema, agora, é pedir que os trabalhadores do regime geral, que nos últimos anos vêm pagando a conta da crise, aceitem o sacrifício exigido em uma reforma bem mais dura.

Calma, gente

Deputados do MDB mandaram um recado aos governistas: estão irritados com os ataques do PSL em plenário direcionados ao governo Temer. Se o Planalto quiser apoio à reforma, terá que acalmar os ânimos de sua tropa e trabalhar a favor de um ambiente de diálogo.

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Em casa

No cargo de presidente em exercício – durante a viagem de Bolsonaro aos EUA – Hamilton Mourão, falou a empresários, em Brasília, sobre os planos do governo. Defendeu as reformas e que é preciso “privatizar tudo o que for possível”. Empolgado, um dos empresários brincou: a gente convidou o vice e recebeu o presidente. Entre risadas, Mourão se apressou em responder: “em exercício, não esqueça disso, por favor”.

Ritmo

Ao ter acesso ao resultado da pesquisa Ibope, que revelou queda de 15 pontos percentuais da avaliação positiva do presidente Bolsonaro desde a posse, um deputado alinhado ao Planalto comentou:

— A pressa de aprovar a reforma é do governo. Ele é que precisa ditar o ritmo, enquanto ainda existe lua-de-mel – disse