Em um lance de marketing para promover um livro, Rodrigo Janot fez revelações que comprometem sua própria credibilidade como um dos principais personagens da Lava-Jato. Além de ter chegado muito perto de dar um tiro no ministro Gilmar Mendes – o que é gravíssimo – confidenciou conversas com Aécio Neves que deveriam ter sido denunciadas na época.

Continua depois da publicidade

Se a intenção de Janot, agora, era vender a imagem de um herói, o resultado foi um tiro no pé. Advogados de denunciados pelo ex-procurador começam a questionar decisões tomadas por uma pessoa que relata uma situação de desequilíbrio. É um cenário que ajuda a minar as conquistas da Lava-Jato.

Integrantes da operação à época lembram que o procurador, irritado com Gilmar, dizia que andava armado e que iria atirar no ministro. Ninguém levou a sério. Autoridades de segurança na Esplanada, no entanto, relatam que ficaram sabendo da ameaça e que aumentaram a segurança do ministro na ocasião. Já não bastava o comportamento questionável dos procuradores, revelado pelo site The Intercept Brasil, agora o ex-PGR faz revelações comprometedoras.

A Lava-Jato é a maior operação de combate à corrupção do país e tem resultados que merecem ser preservados. Que haveria ataques externos para desacreditá-la, todo mundo sabia, só não podíamos imaginar que o boicote surgiria dos integrantes da equipe e por pura vaidade. 

Efeito colateral

A defesa do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha estuda medidas judiciais contra o Rodrigo Janot. A ideia é entrar com queixa-crime por difamação, injúria, crime contra a honra e até calúnia. Na entrevista Janot afirma que a casa dele foi invadida e que pode ter sido obra de Cunha, que o ameaçava.

Continua depois da publicidade

Era sereno

Procuradores que trabalharam na força-tarefa da Lava-Jato estão perplexos com às declarações de Rodrigo Janot. Na época, à frente das operações, ele pedia tranquilidade e racionalidade à equipe e sempre se manteve sereno.

PL do PR

Uma das mais fiéis aliadas do presidente Jair Bolsonaro na Câmara, a deputada Caroline de Toni (PSL-SC), deu parecer que arquivou projeto do então deputado Bolsonaro. Relatora do texto, Caroline o considerou inconstitucional o texto que previa proibir que um único procurador representasse mais de um condômino nas assembleias de condomínios. Para a catarinense, o PL acabava com "a liberdade individual e autonomia da vontade dos condôminos para contratar". Como a rejeição na Comissão de Constituição e Justiça tem caráter terminativo, o projeto foi arquivado.