Na semana decisiva para a tramitação da reforma da Previdência, o governo vai ter que provar aos deputados que a proposta em discussão não é um cheque em branco. Deputados aliados ao governo já vinham comentando pelos corredores da Câmara que aguardariam o texto chegar na comissão especial para exigir os cálculos do impacto de cada medida.

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Até parlamentares dispostos a votar a favor da reforma lembram que ainda é difícil explicar para os seus eleitores questões como a diferença de tratamento entre trabalhadores do regime geral e militares, por exemplo. A situação fica ainda pior se o Ministério da Economia de fato resolver blindar dados econômicos e sociais que serviram de base para a formulação da reforma.

A falta de transparência da área técnica fragiliza a articulação política. A intenção do Planalto é colocar o texto em votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) nesta terça-feira (23) e acelerar as negociações na comissão especial para encerrar os trabalhos no plenário antes de julho. Quem conhece a Câmara já comenta que este calendário foi para espaço. Interessados na reforma, governadores desembarcam em Brasília para acompanhar a novela de perto. O governador Carlos Moisés da Silva é esperado no encontro .

Empurrando

Além de argumentar que precisa de tempo para analisar as mudança no texto da reforma que será apresentado na CCJ, a oposição vai aproveitar para exigir os números. A estratégia do PT será solicitar os dados atuariais. Essa exigência seria feita apenas na comissão especial.

Sala de aula

Diante das dúvidas dos parlamentares sobre o impacto das mudanças, a Frente Parlamentar da Agropecuária vai levar especialistas nos encontros semanais da bancada, para que cada item seja dissecado. A bancada ruralista exige que o governo retire todas as mudanças envolvendo os trabalhadores rurais. A equipe econômica aceita algumas adaptações, como redução da idade de aposentadoria das mulheres.

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Privatiza?

Líder do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) lançou uma campanha nas redes sociais pelo fim do monopólio do combustível e pela privatização da Petrobras. Na Câmara, no entanto, há parlamentares mais experientes defendendo que este não é o momento ideal para levantar assunto tão polêmico.

Na Páscoa

Empenhado na defesa da reforma da Previdência, o deputado Coronel Armando (PSL) embarcou para Brasília ainda na noite de domingo. O objetivo é começar a segunda-feira tentando preparar os ânimos para a votação do texto na CCJ. Arrumar a própria casa, dentro do PSL, continua sendo o principal desafio.