Nem os aliados mais fieis ao governo estão gostando da história de desfigurar o pouco que sobrou da reforma da Previdência, só para conseguir votar alguma coisa no início do próximo ano. Defensor da proposta desde que o primeiro projeto foi apresentado, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) não considera uma boa ideia sucumbir à pressão das corporações, assegurando privilégios a servidores públicos, como melhores condições para garantir paridade e integralidade.
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Afinal, deputados que colocaram em risco a própria imagem defendendo o governo neste debate impopular compraram o discurso do governo e espalharam por aí que a ideia era acabar com os privilégios. Sobrará o que da tal reforma? Será que o trabalhador do Regime Geral vai pagar mais uma vez o pato sozinho? Quem não manipula os números sabe que proporcionalmente o principal rombo da Previdência está no setor público, incluindo a situação dos Estados.
Votar um arremedo de reforma da Previdência não vai resolver o problema da política econômica e só vai contribuir para esvaziar a importância do assunto na campanha eleitoral. O próprio presidente Michel Temer, em discurso na posse do novo ministro Carlos Marun, reconheceu que a votação foi adiada para não "constranger os deputados". Nos bastidores, emissários do governo dispararam telefonemas a representantes de setor empresarial, pedindo para que a mobilização continue.
Mas em fevereiro, logo após o Carnaval, a dificuldade política continuará a mesma. Os deputados estarão ainda com menos apetite para encarar assuntos polêmicos. Fardado para concorrer às eleições de 2018, o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) deu sinais de que pode sucumbir ao lobby do Judiciário. Mas se é para votar uma reforma de araque, o melhor é assumir que perdeu a briga e deixar o assunto para 2019.
Saúde
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O presidente Michel Temer fez questão de dizer nas redes sociais que estava voltando ao trabalho com toda a disposição. Depois de passar por uma cirurgia para desobstrução da uretra, ele precisará utilizar sonda por três semanas. A interlocutores mais próximos, chegou a reclamar:
— Incomoda um pouco, mas me acostumo.
Frase
"Ivo Cassol livra-se de ter que dormir na cadeia. Somente agora o STF está terminando um julgamento sobre fatos de 1998. Ou seja, de quase 20 anos atrás. Este é o retrato do (não) funcionamento da (in)justiça brasileira quando o réu é uma pessoa poderosa."
Do procurador da Força-Tarefa da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima, sobre a decisão do Supremo que reduziu a pena do senador em ação por fraude em licitações de obras em Rolim de Moura (RO), quando era prefeito da cidade.
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