Sem uma base de apoio organizada no Congresso, o governo ficou refém dos partidos do centrão. Organizado por Eduardo Cunha, que era presidente da Câmara na época, esse grupo formado por partidos como PP, PR, PRB e Solidariedade continua com poder por somar um bom número de votos e por conhecer os bastidores na Casa. 

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Diante da falta de habilidade dos governistas, o líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL), faz valer a experiência na política e se transformou no dono da bola. Ele pressionou e conseguiu convencer o governo a alterar o texto ainda na CCJ e até o último momento ainda tentava emplacar novas modificações no relatório.

— Ele é igual a um bebê. Nunca está satisfeito. Quer mamar de hora em hora — reclamava na segunda-feira (22) um dos aliados do governo.

Essa primeira etapa da reforma deixa uma dura lição para a equipe do presidente Jair Bolsonaro: discursos enfurecidos na tribuna do plenário ou bravatas nas redes sociais não são suficientes para a aprovação de temas importantes no Congresso.

Medo de quê?

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) convenceu o secretário da Previdência, Rogério Marinho, a abrir os números da Previdência na quinta-feira (18), logo depois da aprovação do texto na CCJ. Ao líder do Novo, Marcel Van Hattem (RS), Marinho havia prometido derrubar o sigilo no primeiro dia da Comissão Especial. A oposição, no entanto, vai exigir os dados ainda na CCJ. 

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Discussões

Enquanto o governo Bolsonaro tenta aprovar a reforma na CCJ, integrantes do PSL brigam nas redes sociais. A deputada Caroline de Toni reclamou do líder do partido, Delegado Waldir, que afirmou que quem dá as cartas sobre a reforma é o centrão e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. O deputado Alexandre Frota (RJ) rebateu a declaração da colega catarinense e jogou no colo do Planalto: 

— O governo é que está deixando isso acontecer. Não é o PSL.

Nova política

Brigas a parte, uma coisa fica clara em Brasília. O discurso de uma nova política tem servido apenas para falas inflamadas no plenário e discussões nas redes sociais. O que ainda não apareceu é como essa nova política pode ser colocada em prática e, ao mesmo tempo, ajudar a aprovar as reformas necessárias para o país. 

Na mesma data 

O deputado Peninha (MDB/SC) vai apresentar a vereadores de todo o Brasil o projeto que prevê a unificação das datas de eleições. A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) prevê que os atuais mandatos de prefeitos e vereadores seriam prorrogados por dois anos. A partir de 2022, o país teria eleições apenas de quatro em quatro anos. Não há previsão de votação do assunto no plenário da Câmara. O deputado participa a partir desta terça-feira (23) da Marcha dos Vereadores, que ocorre em Brasília. 

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