Enquanto o governo fala em conspiração de esquerda e revanche de ONGs, a Amazônia queima. As medidas anunciadas para ajudar a região a debelar as queimadas poderiam ter sido anunciadas há dias, quando lideranças locais já alertavam para o problema e uma reação internacional ainda não havia tomado conta das redes sociais.
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Uma campanha que mistura preocupação real e legítima com as florestas com questões comerciais e políticas. Se os principais ministérios envolvidos tivessem tomado medidas fáticas de combate ao fogo, o Planalto até poderia reclamar do tamanho da repercussão. Mas houve a opção por, mais uma vez, negar os números e procurar culpados até o limite da crise.
Quem fez soar o alarme na Esplanada foram representantes do agronegócio. Pragmáticos e preocupados com a manutenção de mercados, alertaram o governo: o país só tem a perder com a imagem de vilão ambiental. Não é segredo que a França, por exemplo, não queria assinar o acordo da União Europeia/Mercosul e que o presidente Emmanuel Macron está aproveitando o episódio para reforçar a sua posição.
Mas a melhor resposta que o governo brasileiro poderia apresentar é uma política ambiental robusta, com o fortalecimento dos órgãos de pesquisa e fiscalização. Bravatas e ufanismos não apagam incêndio ou recompõem reputação. Desta vez, o presidente Jair Bolsonaro sentiu e golpe, tanto que fez um pronunciamento à nação.
Defensores
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Questionado sobre o desempenho do ministro do Meio Ambiente o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, listou titulares da pasta nos governos Lula, Dilma e Temer. Segundo ele, se juntar Carlos Minc, Isabella Teixeira, Zequinha Sarney e Marina Silva não dá uma perna do Ricardo Salles. Também o líder do Novo, deputado Marcel Van Hattem, saiu em defesa do colega de partido, alegando que já é hora de baixar a retórica.
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