O governo tem muito pouco tempo de vida para que o ministro da Economia, Paulo Guedes, tenha que desistir de última hora da participação de uma audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Com o capital político que o presidente da República ainda tem, e o percentual de deputados que foram eleitos graças ao efeito Jair Bolsonaro, o Planalto deveria ter a postos uma tropa de choque afiada. Mas isso não existe.

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Para não ficar exposto à oposição, Guedes fugiu da raia, deixando ainda mais evidente a fragilidade da articulação política do governo. O argumento oficial é que o relator da reforma da Previdência ainda não foi escolhido, portanto, não teria lógica a presença do ministro. Isso é fato. Mas além da falta de relator, deputados, em especial do centrão, mandaram sinais de que o ambiente ainda é hostil para a presença do ministro. Ainda pela manhã, líderes de partidos divulgaram um documento exigindo a retirada do texto da reforma as mudanças para aposentadoria rural e no Benefício de Prestação Continuada (BPC). Essa é a gordura que a equipe econômica tinha reservado para a negociação.

Jeito na casa

Reunião da bancada do PSL, com a presença de 30 dos 54 deputados, concluiu por fechar questão a favor do texto original da Previdência e a favor do pacote anticrime do ministro Sérgio Moro (Justiça). A deputada Caroline De Toni (SC) disse que os parlamentares podem discutir questões pontuais, como o BPC e a aposentadoria rural, mas no geral estão todos alinhados à proposta.

Reação

Não pegou bem na Câmara a orientação do presidente Bolsonaro sobre comemorações no dia do golpe militar e a afirmação – descolada dos fatos – de que não houve ditadura naquele período. Parlamentares do PP, MDB, PPS, PSDB e PTB ouvidos pela coluna comentaram que o presidente deveria se concentrar nos problemas atuais, como a reforma e a crise no Ministério da Educação.

Lobby de Moro

O ministro Sergio Moro (Justiça) participa nesta quarta-feira de audiência na CCJ do Senado para defender o pacote da segurança. O senador Lasier Martins (Podemos), responsável pelo convite, vai aproveitar para questionar o ministro sobre transferência de líderes de facções criminosas e o projeto de abuso de autoridade – que parlamentares já se articulam para ressuscitar. Moro quer o apoio dos senadores para que as medidas anticrime não fiquem na geladeira.

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O BPC e a aposentadoria rural não são, do ponto de vista fiscal, o principal problema, mas, do ponto de vista de atingir as pessoas que mais precisam são os que estão prejudicando mais o projeto"

Rodrigo Maia
Presidente da Câmara dos Deputados