A um mês de começar a campanha eleitoral, os donos do jogo das alianças políticas têm um ponto em comum: estão na mira da Lava-Jato. Os presidentes Ciro Nogueira (PP-PI), Marcos Pereira (PRB-ES), Paulinho da Força (Solidariedade-SP) e Valdemar da Costa (PR-SP) acumulam uma pilha de processos envolvendo suspeita de corrupção. Juntos, no entanto, formam uma aliança poderosa, são donos de valiosos minutos de tempo de TV e de fatias importantes do fundo público eleitoral. Por isso, viraram a noiva da vez.
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Do tucano Geraldo Alckmin, passando pelo representante da extrema-direita, Jair Bolsonaro (PSL), ao pedetista Ciro Gomes, os principais candidatos tentam fechar uma aliança com estas siglas. É difícil que o Centrão consiga unidade para apoiar apenas um nome, mas tudo indica que em 2019 estes partidos estarão juntos no Congresso para darem as cartas.
O primeiro sinal de que as negociações se intensificaram é a desistência do empresário Flávio Rocha de concorrer à Presidência. Dono das lojas Riachuelo, ele dizia que não havia deixado a empresa para ser coadjuvante. Mas até as pedras da Praça dos Três Poderes sabiam que ele seria rifado. Na nota do PRB, a pista. A legenda afirma que precisa combater os extremos.
Os pré-candidatos sabem que um dos principais assuntos das eleições deste ano será o combate à corrupção. No entanto, preferem fechar os olhos para o envolvimento dos possíveis aliados em falcatruas porque precisam aumentar o tempo de TV. O argumento é que, depois de eleitos, não ficarão reféns dessas lideranças políticas, tão acostumadas a trocar apoio por cargos. É ver para crer.
Afinal, PSDB, MDB, PSD, PTB e PT estão no mesmo balaio de gatos, com a Lava-Jato – e outras operações – no pescoço. Isso tudo ajuda a explicar o desalento do eleitor.
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Fundo-fantasma
Secretários de Segurança estão brigando por um fundo que ainda nem existe. A última reunião com o ministro Raul Jungmann (Segurança) terminou sem conclusão sobre a distribuição da verba. A região Norte/Nordeste quer que os recursos das loterias sejam distribuídos de acordo com o Fundo de Participação dos Estados. Para o gaúcho Cezar Schirmer, que representa no conselho de secretários os três Estados do Sul, o critério deve levar em conta o tamanho da população e os indicadores de violência.
Pingue-pongue
Uma pergunta para Cid Gomes, articulador político e conselheiro do pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes:
Vencer a resistência dos empresários é o principal desafio da campanha? Recentemente, Ciro foi vaiado na Confederação Nacional da Indústria…
Primeiro, Ciro foi aplaudido. No momento em que falou sobre reformar vários setores, inclusive o trabalhista, houve vaia de um segmento. Ciro compreende a importância do setor financeiro, mas no papel de financiar o setor produtivo, que é o que gera emprego, renda, que cria o círculo virtuoso na economia. A gente soube que teve reunião de alguns empresários antes com pessoas ligadas a Bolsonaro. É razoável imaginar que já queriam tisnar a participação de Ciro.
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