Na semana que terminou com um pronunciamento em cadeia nacional do presidente da República, Michel Temer, as atenções em Brasília estiveram mesmo voltadas para o Judiciário. O protagonismo dos tribunais no mundo político tem explicação: é consequência do acúmulo de processos envolvendo os poderosos enrolados e da fragilidade dos outros poderes. Situação que levou o embate político para o coração das cortes superiores.
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Praticamente paralisado, o Congresso vive de momentos folclóricos – como o bate-boca entre as senadoras Ana Amélia Lemos (PP) e Gleisi Hoffmann (PT) – e das articulações envolvendo as eleições. A Medida Provisória da reforma trabalhista caduca na próxima segunda-feira, sem que tenha sido votada na Câmara ou Senado, e a privatização da Eletrobras tem tudo para ficar no papel. Já o governo Temer entra em mais um capítulo da luta pela sobrevivência.
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Na esteira do tradicional café frio em final de mandato, os marqueteiros da Presidência trabalham na campanha do balanço dos dois anos, enquanto o desafio do peemedebista é encerrar o ano sem o desgaste de uma terceira denúncia. Com a impopularidade cristalizada em 70%, Temer sustenta o discurso das conquistas na área econômica, como controle de inflação e redução no juro básico, a taxa Selic. O lema do presidente é “O Brasil voltou”. Mas sem crédito na praça, com juros de mercado nas alturas e ainda com a taxa de desemprego em alta, os brasileiros não sentem as mudanças no bolso.
Enquanto isso, enfadonhas sessões do Supremo Tribunal Federal (STF) passaram a chamar a atenção. Afinal, os destinos de figuras populares da política do país estão sendo definidos nas cortes superiores. Do habeas corpus de Lula (PT), passando pela denúncia de corrupção contra Aécio Neves (PSDB-MG), à prisão domiciliar de Paulo Maluf (PP-SP), tudo passa pela avaliação dos ministros, mobilizando a audiência. Até as definições sobre o cenário das eleições 2018 dependerá de encaminhamentos do Ministério Público e de questões a serem resolvidas nos tribunais. De uma hora para outra, os brasileiros passaram a opinar a respeito da prisão ou não depois de condenação em segunda instância.
Pelo Whatsapp
Governo Temer faz campanha junto a deputados aliados para convencê-los a votar a privatização da Eletrobras. No grupo de WhatsApp dos parlamentares com o Planalto, deputados receberam um card. A mensagem, no entanto, não sensibiliza as bancadas. Às vésperas de eleição, o termo “privatização” é encarado como um palavrão. No texto da campanha, o verbo usado é “capitalizar”.
Frase
“O que deu errado é que o Rio de Janeiro faliu.”
José Mariano Beltrame, ex-secretário de Segurança Rio de Janeiro ao analisar a situação da violência no Estado.
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