O pior pesadelo do PT virou realidade. Antes mesmo que o partido conseguisse organizar uma reação política e até jurídica para tentar impedir ou adiar a prisão de seu maior líder, o juiz Sérgio Moro rompeu com a tradicional demora da Justiça e determinou o cumprimento da pena. Lula vai para trás das grades ainda hoje.
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E, atenção, ele não é um preso político. O ex-presidente foi julgado e condenado no caso do triplex por corrupção e lavagem e dinheiro, dentro das investigações da Lava-Jato. E ainda há outros inquéritos contra o ex-presidente, como o do sítio de Atibaia. As relações pouco republicanas de Lula com grandes empreiteiras foi o que levou o ex-presidente a essa situação. A narrativa dos petistas daqui por diante, porém, será a do Lula mártir. Essa é a imagem que será carregada pelo partido até as eleições, em uma luta desesperada pela sobrevivência política.
Presidente popular, líder nas pesquisas de intenções de voto para este ano, especialista na arte da articulação, Lula é a cabeça e a alma do PT. Não há, hoje, figura com condições de conduzir o partido e mobilizar a militância como ele. Os grandes nomes do Partido dos Trabalhadores foram ficando pelo caminho, também alvos de casos de corrupção. José Dirceu e José Genoíno foram presos no Mensalão e Antonio Palocci foi para prisão com a Lava-Jato. Lula fecha esse ciclo. É por isso que a estratégia do partido será manter o nome de Lula como candidato à presidência, mesmo preso. Presidente do partido, a senadora Gleisi Hoffmann (PR) disparou uma ordem para os diretórios: estão todos proibidos de falar em plano B. No banco de reservas, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, já está no aquecimento.
No curto prazo, a esperança do PT é que o ministro Marco Aurélio Mello leve a julgamento as ações que discutem as prisões depois de condenação em segunda instância. No plano político, a cúpula do partido planejava organizar uma frente de legendas de esquerda a favor de Lula. A rapidez de Moro, no entanto, obriga o PT e a defesa do ex-presidente a revisarem as suas estratégias. Por falar nisso, bem que o Supremo Tribunal Federal poderia se inspirar e agir com a mesma celeridade no julgamento de figuras protegidas pelo foro privilegiado, como Romero Jucá (PMDB-RR), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Aécio Neves (PSDB-MG).
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