A prisão do ex-presidente Lula tem efeitos no tabuleiro eleitoral que vão do campo da esquerda à extrema direita. Condenado em segunda instância, ele é enquadrado na Lei da Ficha Limpa e não poderia, mesmo, concorrer. Uma situação que ainda precisa ser analisada pela Justiça Eleitoral. Atrás das grades, no entanto, o petista nem mesmo poderá rodar o país como cabo eleitoral de luxo, pedindo votos para os seus aliados.
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Primeiro líder sindical no comando do Palácio do Planalto, presidente da República com alta popularidade, Lula lidera as pesquisas e é hábil articulador. Quem herdará esse patrimônio político? No PT, não há liderança que mobilize o partido. O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad poderá assumir a cabeça de chapa, mas ele não empolga os seus colegas de partido. Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’Ávila(PCdoB) e até Marina Silva (Rede) estão à frente de partidos com pouco tempo de TV e fundo partidário. Por exclusão, Ciro Gomes (PDT) poderá ficar com boa parte dos votos, inclusive com força no Nordeste.
A saída de Lula também reduz o clima de polarização. Na insana guerra das redes sociais, perde quem explora os radicalismos, no caso, Jair Bolsonaro (PSL). Com o debate mais morno, podem escalar posições as candidaturas mais ao centro, como Geraldo Alckmin (PSDB), Rodrigo Maia (DEM) e até Henrique Meirelles (PMDB). Mas há um fato novo: Joaquim Barbosa, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) aposentado, se filiou ao PSB e poderá concorrer à presidência. Outsider, ele se apresentará como o símbolo de combate à corrupção e antítese da política tradicional, um discurso que agrada ao eleitor nesses tempos de escândalos.
A poucos meses das eleições, o quadro eleitoral nunca esteve tão indefinido. É o reflexo da crise política, econômica e moral pela qual passa o país.
NINHO TUCANO – A prisão de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, deixa a campanha de Geraldo Alckmin em estado de alerta. Preto é conhecido como o operador do PSDB.
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SOBRESSALTOS – O ano ainda poderá apresentar novidades. Além da prisão de Lula, deputados não descartam a possibilidade da votação de uma terceira denúncia contra o presidente da República, Michel Temer. Na filiação de Henrique Meirelles ao PMDB, todo o material de campanha garantia mais destaque a Temer, que alimenta a ideia de concorrer.
FORO PRIVILEGIADO – A ex-presidente Dilma Rousseff transferiu o título eleitoral de Porto Alegre para Belo Horizonte. Por orientação de Lula, ela será candidata ao Senado. Se conseguir se eleger, estará protegida pelo foro privilegiado. Isso, se o STF não acabar com esse privilégio.
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