Ao mobilizar todos os esforços para convencer Ana Amélia Lemos (PP) a ser vice na chapa, o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) mirou em três pontos: na busca pelo voto feminino, na aproximação com os eleitores do Sul do Brasil e na imagem de senadora ficha-limpa que a gaúcha carrega. Sem esperança de entrar com força nos votos do Nordeste – um eleitorado cativo do ex-presidente Lula -, o tucano identificou na senadora a vice ideal. Sabendo que havia resistências, ele mesmo foi ao apartamento dela fazer o convite. Meia hora de conversa e um cafezinho foram suficientes para a argumentação. A ideia de Alckmin era ter ao lado uma representante do PP light, aquela ala do partido que conseguiu se manter distante de escândalos e das manifestações de apoio a Jair Bolsonaro (PSL).
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Antes disso, o tucano precisou vencer as resistências do próprio PP. O presidente nacional do partido, Ciro Nogueira (PI) nunca escondeu que não se empolgava com a indicação da gaúcha para vice. Ele argumentava que ela não era do seu grupo e votava de forma independente. Mas as demais legendas do Centrão – incluindo o DEM – fecharam com a ideia e Ciro teve que aceitar. Na convenção do PP, ontem pela manhã, Ciro a recepcionou com um carinhoso aperto de mão, já Ana Amélia fez um discurso simpático ao presidente do partido.
O único entrave era a situação do PP no Rio Grande do Sul. A desistência da senadora de concorrer à reeleição mudou a configuração política no Estado para a disputa ao Piratini. Luis Carlos Heinze foi obrigado a desistir da cabeça de chapa para concorrer ao Senado e o PP se encaminha para abraçar a candidatura do tucano Eduardo Leite, que ganha tempo de TV e se torna bem mais competitiva. Tudo isso, sob a monitoria atenda das cúpulas nacionais do PP e do PSDB.
CONSELHEIRO
Ana Amélia Lemos conversou com várias pessoas ao longo do dia, antes de confirmar a Geraldo Alckmin que poderia ser sua vice à presidência da República. Uma ligação, no entanto, foi crucial: a do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso.
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INDICAÇÃO
O PT aposta todas as fichas em conseguir que o PC do B indique um nome para ser candidato vice na chapa que, por enquanto, é encabeçada pelo ex-presidente Lula .
FRASE
“Alguém quer ser vice do Meirelles?”
Era a pergunta que o presidente nacional do MDB, Romero Jucá, fazia, em tom de brincadeira, durante a convenção que lançou Henrique Meirelles candidato à presidência.