A polarização da política acentuou o gosto das autoridades por resolver impasses no tapetão. A questão do juiz das garantias é um exemplo. O assunto foi debatido por uma década no Congresso Nacional, passou pela Câmara Federal e pelo Senado e foi sancionado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. O assunto é, sim, polêmico e, como é de hábito, foi levado ao Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente da corte, Dias Toffoli, determinou um prazo para colocar em prática o juiz de garantias. Mas o vice-presidente, Luiz Fux, derrubou a decisão de Toffoli por tempo indeterminado. Afinal de contas, o que vale e até quando? É ou não é uma paixão pelo tapetão?
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Os próprios parlamentares costumam reclamar das interferências do STF. A frase mais repetida é que o “Supremo legisla”. Mas esse terceiro turno já entrou na rotina. O grupo que perde o debate no plenário, na política, recorre ao Supremo e reza para que o seu caso fique nas mãos de um ministro simpático a sua causa. Porque também a Suprema Corte está dividida em dois grupos. Ao desafiar o colega de toga, Fux colocou ainda mais fogo nas disputas internas entre os ministros. Relator, a tendência é que ele segure o assunto, como fez com o fim ao auxílio-moradia para os juízes.
Tem razão o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quando afirma que o Brasil é um país interessante: o vice-presidente do STF decide contra o presidente e o ministro da Justiça elogia uma decisão contra o presidente da República. O clima de torcida, presente nas redes sociais, jamais poderia ter se transferido para a Praça dos Três Poderes.
Vai esvaziar Moro?
Fatiar o Ministério da Justiça significa fragilizar politicamente o ministro mais popular da Esplanada. Se houver a criação do Ministério da Segurança, as principais áreas de atuação de Sérgio Moro (foto) ficarão sob a responsabilidade de outro ministro.
No caso, o cotado é o ex-deputado Alberto Fraga (DEM), amigo de Bolsonaro. É uma ideia que não faz sentido.
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