Jair Bolsonaro é um presidente da República que se nega a assumir responsabilidades durante a maior crise econômica e de saúde que já existiu no país. Furioso pela óbvia repercussão do grotesco “e daí?”, proferido quando questionado pelas mais de 5 mil mortes pela Covid-19 no país, ele mandou que perguntassem para governadores e prefeitos. E ainda sublinhou que “ninguém vai jogar essas mortes no colo dele”.

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Essa sentença revela uma única preocupação, que é com os efeitos políticos, tanto para o processo de reeleição quanto na narrativa que será apresentada ao eleitor assim que terminar o pico da doença e, claro, houver um país para reconstruir. Mais fácil e civilizado seria o presidente trabalhar com seus ministros para ampliar o número de leitos, melhorar o funcionamento da liberação dos programas sociais e costurar, em conjunto, o programa da retomada. Mas hoje há outra preocupação que ocupa a cabeça do presidente da República: a indicação do diretor-geral da Polícia Federal.

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes é uma intervenção no Executivo, mas funciona como um freio a Bolsonaro, que quer ter contato direto com o comando da PF.

O temor, em Brasília, não era com o que Alexandre Ramagem iria engavetar, mas com o que poderia fazer com informações confidenciais envolvendo autoridades. Nas mãos erradas, seria material farto para aqueles que adoram destruir reputações.

Irritado com o STF, Bolsonaro insiste em Ramagem e afirma que quem manda é o presidente.

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Quem manda, mesmo, não precisa avisar.