Símbolo da Lava-Jato e do combate à corrupção, o ministro da Justiça, Sergio Moro, é um caso a ser estudado: apesar da altíssima popularidade, até agora não conseguiu transferir esse apoio das ruas para os embates políticos em Brasília.

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Apesar da falta de empenho do próprio governo, o pacote anticrime foi aprovado pelo Congresso neste final de ano e só depende de sanção do presidente. Além disso, Jair Bolsonaro construiu uma relação de bate e assopra com o superministro, evitando que o ex-juiz de Curitiba brilhasse mais do que o presidente da República. Questão de estratégia.

Não são poucos os parlamentares experientes que concordam com uma máxima: se quisesse, Moro poderia concorrer à presidência da República nas próximas eleições. Apelo popular não falta ao ministro, mas ele ainda não desenvolveu a experiência política necessária para assumir esse papel. Consciente deste risco, Bolsonaro deixa que se espalhe o boato de que Moro poderá ser o vice na chapa a reeleição.

Quem acompanha a militância bolsonarista nas redes sociais, já observou que os simpatizantes alimentam a ideia. Aliados do general Hamilton Mourão, no entanto, continuam trabalhando com a ideia de repetir a dobradinha de 2018.

Moro chegou à capital federal para assumir uma das pastas mais importantes do governo, com olho na próxima vaga do Supremo Tribunal Federal (STF). Oficialmente todos negam, mas seria um acordo firmado ainda na campanha.

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Depois que vieram à tona as trocas de mensagens pouco republicadas entre integrantes da Lava-Jato, isso esfriou. Mas cresce as possibilidades de um futuro do ministro nas urnas. Interlocutores que têm visitado o ministro já não encontram o ex-juiz tão refratário à ideia de concorrer.

Ele não confirma, mas agora também não nega. O senador Jorginho Mello (PL-SC) chegou a convidar o ministro a ingressar no partido. Moro brincou, dizendo que ainda é cedo.

CPI da Chapecoense

Além de Moro, também o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foi avisado do início dos trabalhos na CPI envolvendo a tragédia da Chapecoense. Araújo colocou técnicos do Itamaraty à disposição dos parlamentares. A Polícia Federal também poderá acompanhar os trabalhos.