A menos de um mês da posse, as duas pedras no sapato de Jair Bolsonaro não foram produzidas pela oposição: as broncas estão dentro de casa e envolvem os filhos do presidente eleito.   

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O primeiro caso diz respeito a um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que revela movimentação suspeita ligada a um ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio. Senador eleito, Flavio precisa esclarecer a situação. Por enquanto, a crise não está dentro da transição, mas a resposta precisa ser transparente para evitar desgastes. Se a principal bandeira dos Bolsonaro é o combate à corrupção, o assunto precisa ser encarado com serenidade.   

– Seguramente o caso será sepultado com a verdade – disse o futuro ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil), irritado, enquanto o ministro Sergio Moro (Justiça) preferiu não comentar.   

Na área política, o partido do presidente eleito começa muito mal. O aumento repentino do PSL de oito para 52 deputados, graças à força de Bolsonaro, formou uma bancada heterogênea e sem liderança. Na disputa pelo poder, tem deputado brigando por um lugar na Mesa da Câmara, outro querendo liderar a bancada e ainda quem simplesmente sonhe com cargos na estrutura federal.    

Neste contexto, houve o vazamento de mensagens de WhatsApp envolvendo o outro filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (RJ). Os textos revelam movimentação do deputado para interferir na eleição da Câmara e troca de farpas com a deputada eleita Joice Hasselmann (SP). Oficialmente, não convém ao presidente da República se intrometer na escolha para o comando da Câmara.

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Nos bastidores isso sempre ocorreu. Eduardo tentava fazer isso de maneira discreta, mas, pelo jeito, levou uma rasteira dos próprios colegas. Foi o que bastou para começar um bate-boca entre os integrantes do PSL nas redes sociais. Essa disputa de baixo nível revela a falta de compromisso com a governabilidade e a ânsia pelo poder. O que nasceu como uma conquista nas urnas para o presidente, pode virar um problemão. Como ainda é cedo, o próprio presidente ainda tem como colocar o partido no rumo.  

 

Sangue frio 

Calma e paciência. De acordo com interlocutores de Eliseu Padilha (Casa Civil), esse teria sido o conselho do ministro, ainda no início da transição, para o conterrâneo e próximo titular da pasta Onyx Lorenzoni. Depois de dois anos de governo Temer, ninguém pode dizer que Padilha não entende de crise política. 

 

Lentidão 

Demorou três meses para que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal expedisse o mandado de prisão contra o deputado João Rodrigues (PSD-SC). Em setembro, o ministro do STF Luís Roberto Barroso determinou que o catarinense voltasse a cumprir a pena no regime semiaberto no Complexo da Papuda, em Brasília. Rodrigues foi condenado por fraude em licitação quando era prefeito em Pinhalzinho (SC), em 1999. 

O advogado Marlon Bertol afirmou que João Rodrigues está em Santa Catarina e que a defesa aguarda a intimação da Justiça para apresentá-lo.

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