Raros são os partidos que demonstram alguma coerência nas alianças fechadas para as eleições deste ano. Em nome do poder e sem qualquer constrangimento, lideranças políticas deixam de lado rixas antigas e estão abraçadas em acordos regionais, dando um nó na cabeça do eleitor. Um exemplo claro é a situação do PT, que declarou guerra aos apoiadores do impeachment, mas agora está de braços dados com quem chamou de golpista. Em Alagoas e Ceará, o PT fechou com os senadores emedebistas Renan Calheiros e Eunício Oliveira. No Piauí, o senador Ciro Nogueira (PP) não esconde a parceria com os petistas. Será que a mágoa acabou?  

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Por trás do pragmatismo da cúpula nacional do partido está a certeza de que a militância é incapaz de questionar as decisões do ex-presidente Lula. A incoerência programática, no entanto, não é exclusividade do PT. O PSDB, que na campanha nacional faz de tudo para se afastar do presidente Michel Temer está na chapa do MDB em Santa Catarina. A Rede, apresentada por Marina Silva como a pureza em forma de partido, está unida com o DEM no Amapá. É difícil explicar para o eleitor a lógica dos partidos que aparecem com uma cara no palanque presidencial e com outra nos Estados. Bagunça que ajuda a explicar o desalento de quem se prepara para ir às urnas.  

VOZES DO CÁRCERE 

Não só Lula dá as cartas na política brasileira de dentro da cadeia. Também o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, tenta influenciar na candidatura da filha, Danielle Cunha. Condenado na Lava-Jato e preso em Curitiba, Cunha divulgou uma carta à nação em que se diz vítima de perseguição e abriu seu apoio ao candidato Geraldo Alckmin (PSDB).  

 

RETORNO 

Demóstenes Torres (PTB) está oficialmente de volta à política e irá tentar uma vaga de deputado federal pelo Estado de Goiás. A ideia inicial era tentar voltar ao Senado, local que ele deixou em 2012 quando foi cassado. Mas quando saiu a decisão do Supremo Tribunal Federal, que o liberou para concorrer, os dois candidatos ao Senado já estavam consolidados. O STF entendeu que Demóstenes não poderia ser considerado inelegível, pois as provas que embasaram a cassação foram anuladas pela Justiça.

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FRASE 

Nosso problema não é ter leis boas ou más, é saber aplicá-las. Não partilho dessa visão de que a Constituição Federal previu direitos em excesso. 

Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), durante palestra em São Paulo.

 

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